Sylvia
Colombo
Editora-assistente interina da Ilustrada
Uma
biografia acadêmica e um punhado de vinis espalhados por
acervos pessoais e sebos são tudo o que restou da memória
de João Teixeira Guimarães (1883-1947), o João Pernambuco.
O violeiro, que tem sua obra reinterpretada pelo pesquisador
Leandro Carvalho, é o responsável por uma das mais importantes
heranças da música instrumental brasileira. Com ele _integrante
de um seleto grupo de pioneiros_ a música do Nordeste
pôde encontrar o samba e o choro e participar da criação
de música popular em caráter nacional. "João Pernambuco
é tão importante quanto Pixinguinha, Donga e Villa-Lobos,
só que não teve cuidado com sua obra, muita coisa foi
perdida ou roubada", diz Carvalho, 21, que acaba de gravar
o CD "João Pernambuco - O Poeta do Violão", onde interpreta
uma seleção de obras do violeiro. Carvalho reuniu manuscritos
de partituras que estavam com colecionadores _João Pernambuco
não escrevia música, todas anotações foram feitas por
terceiros_ e recolheu depoimentos que remontam ao Rio
dos anos 10, em que violão era instrumento marginal e
improvisação era recurso pouco usado por conjuntos quase
camerísticos que executavam o choro. Pernambuco compôs
maxixes, choros e repentes. Seu estilo particular era
requintado, sempre buscando a forma mais rebuscada. Chegou
ao Rio aos 20 anos, já tendo sua formação musical modelada
pelo contato com a técnica e a temática dos violeiros
e cantadores do sertão nordestino. Montou a Trupe Sertaneja,
nos anos 10, com quem se apresentava na noite carioca.
Foi somente na década de 20 que Pernambuco registrou suas
composições em disco. Dessas gravações, hoje quase não
se tem registro. Seus discos não estão em catálogo. "João
Pernambuco - O Poeta do Violão" está sendo lançado em
tiragem limitada de 5.000 discos, por meio da Sadia. "O
lançamento para o mercado depende do interesse das gravadoras",
diz Carvalho.
Disco:
João Pernambuco - O Poeta do Violão
Artista:
Leandro Carvalho
Gravadora: Sadia