142 INDUSTRIAS DE SÃO PAULO ESTÃO
PARALISADAS PELA GREVE
Os marceneiros e carpinteiros deixaram as oficinas - Aumenta
o numero de adesões - Calcula o Sindicato dos Metalurgicos
em 50 mil o numero de grevistas dessa categoria. Tudo transcorre
em perfeita ordem.
|
Publicado
na Folha da Noite, segunda-feira, 30 de março de 1953
|
|
Neste texto foi mantida a grafia original
|
Mais de trinta firmas foram atingidas com a eclosão da greve
dos marceneiros e carpinteiros. Cerca de quarenta mil trabalhadores
deixaram o seu trabalho na manhã de hoje, aderindo à
luta dos tecelões e metalurgicos por sessenta por cento de
aumento nos salarios.
Ao contrario do que se esperava, o intervalo do domingo não
diminuiu o ritmo ascendente da greve, que se vinha notando nos ultimos
dias da semana passada, e outros ramos da atividade industrial de
São Paulo estão ameaçados com a provavel adesão
ao movimento dos vidreiros, borracheiros e graficos. Estes ultimos
aguardam uma resposta até o dia 11 de abril e, se a proposta
apresentada aos empregadores for recusada deverão tomar uma
decisão no dia 12.
|
Paralisação
geral |
Na assembléia-geral extraordinaria do Sindicato dos Oficiais
de Marcenaria e Carpintaria, ficou decidido que na manhã de
hoje, diante da recusa da proposta feita pelos operarios aos seus
patrões, os trabalhadores entrariam em greve. A palavra de
ordem do Sindicato foi acatada pelos operarios, e cerca de sessenta
por cento das industrias de moveis, carpintaria, artefatos de junco
e vime, escovas e utensilios de madeira, estão paralisados
esperando a direção daquela entidade de classe que no
decorrer do dia aumente o numero de grevistas, o que forçará
os sindicatos patronais a considerarem com mais urgencia o pedido
dos empregados.
Por sua vez, outras industrias do interior e dos municipios vizinhos
da capital, principalmente São Bernardo, São Caetano
e Santo André, onde se concentra a industria de marcenaria
de nosso Estado, estão ameaçadas de paralisação,
estando o Sindicato desta capital mantendo contacto estreito com as
entidades congeneres, a fim de ampliar o movimento reivindicatorio.
|
Com
os metalurgicos |
No Sindicato dos Operarios Metalurgicos a atividade é intensa.
Cerca de sessenta industrias foram abandonadas pelos seus operarios,
destacando-se entre elas a Metalurgica Paulista, a Fundação
e Metalurgica Matarazzo, Nadir Figueiredo S. A., Usina Santa Olimpia
e Elevadores Atlas.
Calcula o Sindicato dos Operarios Metalurgicos que o numero de grevistas
seja superior a oitenta mil, principalmente depois que os entendimentos
diretos mantidos entre os empregados e patrões de diversas
firmas fracassaram. A greve dos metalurgicos atinge o seu quinto dia,
e o impasse surgido não foi ainda solucionado estando afastadas
as perspectivas de acordo, pois os operarios se mantêm intransigentes
no pedido de sessenta por cento de aumento.
|
Tudo
em ordem |
Pelo que apurou nossa reportagem junto à direção
dos três sindicatos em apreço, tudo corre dentro da ordem.
Nenhum atrito entre os grevistas e a policia se verificou até
agora.
Os operarios evitam os grupos e o movimento, perdendo as caracteristicas
de manifestação de rua, ganhou em organização.
Os comitês centrais de greve mantêm perfeito controle
da situação e as adesões aumentam consideravelmente.
Cerca de cento e quarenta industrias estão paralisadas, elevando-se
o numero de grevista a mais de cem mil. Das fabricas atingidas pelo
movimento 60 são texteis, 31 de marcenaria e carpintaria e
51 metalurgicas.
|
Concentração
e passeata |
Eleva-se a 120 o total de fabricas da industria textil paralisadas
até o momento. A comissão central de greve está
convocando os operarios texteis para se concentrarem amanhã,
às 14 horas, em frente ao T.R.T., onde deverá ser julgado
preliminarmente o dissidio coletivo suscitado ex-oficio pela Delegacia
Regional do Trabalho. Amanhã ainda, às 15 horas, de
acordo com o programa traçado com os sindicatos dos metalurgicos
e dos marceneiros, os tecelões deverão participar da
concentração na praça da Sé, de onde partirá
a passeata de protesto dos grevistas. Essa passeata, convem salientar,
foi proibida pelas autoridades do DOPS.
|
Solidario
com os grevistas o dep. Roberto Morena |
O deputado Roberto Morena, presidente da Confederação
Nacional dos Trabalhadores, esteve presente à assembléia
realizada hoje pela manhã no Salão Piratininga e manifestou
solidariedade ao movimento, declarando que não poderia fazê-lo
da tribuna da Camara por se achar em ferias o legislativo federal.
|
©
Copyright Empresa Folha da Manhã Ltda. Todos os direitos
reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em
qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização
escrita da Empresa Folha da Manhã Ltda.
|
|