O senador José Paulo Bisol (PSDB-RS), 60, foi convidado ontem à noite, em Brasília, pelos partidos que integram a Frente Brasil Popular (PT, PSB, PC do B e PV) para ser o candidato a vice-presidente na chapa encabeçada pelo deputado Luís Inacio Lula da Silva (PT). Bisol prometeu dar sua resposta oficial hoje, mas já demonstrou que aceitará o cargo. "Pessoalmente não quero ser candidato. Se os fatos, no entanto, continuarem a me arrastar, não tenho escolha", afirmou.
A primeira atitude do senador será abandonar o PSDB para se filiar a um dos partidos que integram a Frente. O presidente do PSB, senador Jamil Haddad (RJ), se antecipou ao PT e ao PC do B e já convidou Bisol para integrar os quadros do partido.
Para evitar "atropelar as bases" - que indicaram o jornalista Fernando Gabeira (PV) para vice de Lula -, o deputado Luiz Gushinken (SP), presidente do PT Bisol apenas para "integrar na Frente Brasil". O convite para ocupar a vice foi feito, em seguida, pelo deputado Florestan Fernandes (PT-SP).
Gabeira, que é o presidente nacional do PV, disse ontem, em Porto Alegre, que não vai retirar sua candidatura a vice na chapa de Lula. Ele alegou que "individualmente" não pode tomar esta atitude. Afirmou também que há "censura" a sua indicação e se queixou que a discussão não foi ainda "politizada".

Conhecido como um orador emocional, o senador José Paulo Bisol foi o principal combatente no Congresso constituinte contra a discriminação "por orientação sexual". A proposta foi aprovada nas subcomissões e comissões, mas caiu na Comissão de Sistematização. Seus discursos são marcados por citações de clássicos, razão pela qual é rotulado como um dos "intelectuais" do Congresso Nacional.
Esta classificação, porém, não fez com que escapasse às críticas e brincadeiras por ter subscrito uma emenda que, de uma forma geral, igualava homens e mulheres, exceto no que se referia a gestação, parto e aleitamento.
Caso seja confirmado como candidato a vice na chapa de Luiz Inacio Lula da Silva, será o segundo membro da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a corrupção na administração pública a chegar a esta posição. O outro é o senador Itamar Franco (MG), companheiro de chapa do ex-governador de Alagoas Fernando Collor de Mello, candidato a presidente da República pelo PRN.
Bisol cumpre seu primeiro mandato como senador - antes foi deputado federal - e, durante os trabalhos constitucionais, compareceu a 97% das votações. Quando deixou o PMDB, após a Constituinte, pensou em filiar-se ao PT, optando depois pelo PSDB. Advogado, juiz durante 30 anos, professor e jornalista, Bisol é casado e tem dois filhos.