DOPS LEVA À JUSTIÇA OS MATADORES DE CHANDLER
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Publicado
na Folha da Tarde, sexta-feira, 28 de novembro de 1969
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Neste texto foi mantida a grafia original
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O Dops concluiu e já remeteu à Justiça Militar
o inquerito sobre a morte do capitão norte-americano Charles
Rodney Chandler, assassinado em São Paulo em outubro do ano
passado. Terminou por imputar a responsabilidade do homicidio aos
terroristas Carlos Marighela, Diogenes José Carvalho, Dulce
de Souza, João Carlos Kfouri Quartim de Moraes, João
Leonardo da Silva Rocha, Ladislaw Bowbor, Manoelina de Barros, Onofre
Pinto, Pedro Lobo de Oliveira e Marcos Antonio Braz de Oliveira.
Todos participaram da trama. Diogenes e Marcos Antonio executaram
materialmente o crime, utilizando-se de um revolver 38 e uma metralhadora
45.
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Dops
aponta os assassinos de Chandler
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O Dops encaminhou ontem à Justiça Militar o inquerito
policial sobre a morte do capitão norte-americano Charles
Rodney Chandler, no qual estão indiciados Carlos Marighela;
Diogenes José Carvalho, vulgo Luís; Dulce de Souza,
vulgo Judith; João Carlos Quartim de Moraes, vulgo Manoel;
João Leonardo da Silva Rocha, vulgo Saul; Ladislas Bowbor,
vulgo Nelson; Manoelina de Barros, vulgo Manon; Onofre Pinto, vulgo
Augusto; Pedro Lobo de Oliveira, vulgo Getulio e Marcos Antonio
Braz de Oliveira, vulgo Marquito.
O inquérito foi elaborado pelo delegado adjunto de Ordem
Politica, Alcides Cintra Bueno Filho, que pediu a decretação
da prisão preventiva dos indiciados baseado no artigo 149
do Codigo de Justiça Militar.
O documento ressalta que as armas utilizadas no assassinio do capitão
norte-americano estão lacradas num caixote que ficará
guardado na Delegacia de Explosivos, Armas e Munições
do DOPS à disposição da Auditoria Militar.
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O
plano e a morte
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Consta do inquerito que no mês de setembro do ano passado
Onofre Pinto recebeu de Diogenes José Carvalho de Oliveira
proposta, que lhe foi enviada por Marcos Antonio Braz de Carvalho,
o Marquito, representante de Carlos Marighela em São Paulo,
para assassinar Charles Chandler. Procurava justificar a proposta
criminosa com varias razões, entre as quais: ser a vitima
agente da Central Inteligency Agency - CIA - e representante do
imperialismo americano; haver lutado no Vietnã; ter orientado,
na Bolivia, os chefes do Exercito boliviano na repressão
às guerrilhas, ação que culminou com a morte
de "Che" Guevara; ter apoiado a guerra americana no Vietnã
e, finalmente, estaria realizando um levantamento no Brasil.
A proposta, depois de debatida sob todos os aspectos, foi aceita
e Chandler condenado à morte. A missão foi atribuida
a Marquito e a Diogenes, que fuzilaram o capitão.
A execução teve inicio na manhã do dia 12 de
outubro de 1968, quando Pedro Lobo preparou o carro Volkswagem que
havia furtado dias antes e dirigiu-se à Santo Amaro, onde
encontrou Diogenes e depois, na rua Cardeal Arcoverde, encontraram
Marquito e seguiram depois para a rua Petropolis, 375, no Sumaré,
onde morava a vitima.
"No exato momento em que o carro de Chandler chegou à
guia da calçada - diz o inquerito - não pode manobrar,
porque Pedro Lobo avançou com seu carro Volks, estacionando
junto à parte trazeira do carro de Chandler, bloqueando e
consequentemente impedindo qualquer manobra". Diogenes desceu
do carro em primeiro lugar e, empunhando um revolver marca Taurus,
calibre 38, aproximou-se do capitão e desfechou seis tiros
contra ele.
Marquito, que empunhava uma metralhadora Ina, calibre 45, dirigiu-se
em direção à vitima e deu uma rajada no corpo
de Chandler, enquanto lobo permanecia no Volks, em funcionamento,
para qualquer eventualidade. "Durante a execução
- conclui a peça - a esposa da vitima, d. Joan Xotaletz Chandler,
que estava à porta da casa, viu Diogenes e Marquito atirando
contra seu marido e gritou: "Não". Diogenes lhe
apontou o revolver e todos fugiram em seguida".
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Denunciados
Dinotos e mais 14
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Por entender que o inquerito policial-militar demonstrou cabalmente
a culpabilidade da maioria dos indiciados, o procurador da Justiça
Militar ofereceu ontem, na 2ª Auditoria de Guerra, denuncia
contra o subversivo Aladino Felix, vulgo Sabado Dinotos, e mais
14 elementos de seu bando, enquadrando-os todos em diversos artigos
da Lei de Segurança Nacional, pela pratica de atos terroristas.
Alem de Aladino, foram denunciados àquela Corte Militar o
1º sargento da Força Publica Rubens Jairo dos Santos;
o soldado Jesse Candido de Morais: o 3º sargento Claudio Fernando
Pereira Lopes; 2º sargento Juarez Nogueira Firmiano; 3º
sargento Juracy Alves Tinoco; cabo Edson Vieira; soldados Luis Ataliba
da Silva e Sebastião Fernandes Muniz; 1º sargento Esdras
de Matos; civis Gregorio Cucheravia, vulgo Ica, Paulo Francisco
Alves, vulgo Paulão, Fernando Roberto Dimarzio, Antonio Pereira,
vulgo Baixinho e Estefani José Agoston.
O promotor Durval Ayrton Moura de Araujo, depois de fazer circunstanciado
relato das ações desenvolvidas pelo bando em São
Paulo - tais como atentados a bomba, roubos a bancos, furto de armas
- pediu para eles as penas cabiveis, deixando apenas de denunciar
os indiciados Norival de Paula, vulgo Corisco, Pierino Gargano,
Walter Hermann Heyder e José Caxias David, estes dois ultimos
sargentos da FP, por considerar que Norival e Pierino participaram
apenas de assalto a banco e já estão sendo processados
na Justiça comum, enquanto os dois milicianos, embora foragidos,
"nada têm contra si nos acontecimentos". Tambem
deixou de oferecer denuncia contra Luís Teixeira Daniel,
"cuja conduta nos fatos não chega a tipificar crime
contra a segurança nacional".
Finalmente, o promotor requereu a manutenção das prisões
preventivas de todos os denunciados, inclusive Estefani José
Agoston, o unico deles que se encontra foragido.
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Preventiva
para sequestradores
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Atendendo a requerimento do promotor Eudo Guedes Pereira, o Conselho
Permanente de Justiça da 1.a Auditoria de Guerra, decretou
ontem no Rio a prisão preventiva de 17 pessoas acusadas de
participação no sequestro do embaixador norte-americano
Charles Burke Elbrick, ocorrida a 5 de setembro.
São os seguintes os indiciados: Claudio Torres da Silva,
Antonio Freitas Silva, Manuel Cirilo de Oliveira e Paulo de Tarso
Wenceslau, estes já à disposição das
autoridades militares. Foragidos: Joaquim Camara Ferreira (o Velho),
Fernando Paulo Nagie Gabeira, João Lopes Machado, Franklin
de Souza Martins, Daniel Aarão Reis Filho, Sergio Rubens
de Araujo Torres, Cid de Queiroz Benjamim, José Sebastião
Rio de Moura, José Roberto Spiegner, Francisco Nelson Lopes
de Oliveira, Vera Silvia Pestana de Magalhães, Helena Bocaiuva
Khair e Stuart Edgard Angel Jones.
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28
subversivos condenados
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O Conselho Permanente de Justiça da 1ª Auditoria de
Guerra condenou ontem no Rio, após julgamento secreto de
durou oito horas, 28 civis e militares cassados pela Revolução,
acusados de integrarem uma organização subversiva.
Todos foram condenados à revelia, já que estão
foragidos.
Eis as penas decretadas no julgamento de ontem: 5 anos de reclusão,
para Rui Mauro de Araujo Marini, José Medeiros de Oliveira,
José Mendes de Sá Roriz e Luiz Alberto Moniz Bandeira;
4 anos e quatro meses de reclusão, para Avelino Bion Capitani,
Severino Vieira de Souza, José Alves Diniz, Serafim Pinto
Cal, Arnaldo de Assis Mourthe, Antonio Geraldo Costa, Claudio Galeno
de Magalhães Linhares, Rui Gomes de Lima, Guido de Souza
Rocha; 2 anos de reclusão. Para Guido Afonso Duque de Noric,
Jairo Rouras Caballos, Leo Gomes de Oliveira, Dirceu de Assis Mourther,
Jayder Rosa Gomes, Walter Augusto da Silva, José Luis Boina,
Elio Ferreira Rego, Sebastião de Lemos Vasconcelos; 2 anos
e 40 dias de reclusão, para Napoleão Quinto Pereira
Junior, Jorge Ferreira Brandão, Fernando Koueritz; 5 anos
de reclusão para Raul Alves Nascimento Filho e Antonio Duarte
dos Santos.
Foram absolvidos, por deficiencia de provas, Dagoberto Rodrigues,
Leonel de Moura Brizola, Dante Pelacani, Paulo Schilling, Pedro
França Viegas e Eurudilio Barreto da Silva, e tambem porque
já estão condenados em outros processos por identicos
delitos. Todos eles foram denunciados como incursos na Lei de Segurança
Nacional, sob acusação de tentarem a reorganização
do Partido Comunista Brasileiro e de fazerem aliciamento de adeptos
para um movimento armado contra-revolucionario.
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Cadeia
para mais quatro
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O Conselho Permanente de Justiça Militar da 2.a Auditoria
de Guerra condenou a dois anos de reclusão, por crime capitulado
na Lei de Segurança Nacional os acusados, Decio Bucheroni,
Valdecir da Penha, e Josezito Gonzaga Pires, aplicando a pena de
um ano e quatro meses a Djalma Alves da Silva. No mesmo julgamento,
absolveu, por insuficiencia de provas, Natale Chiovi, Amus Gamberini,
Valter Romeiro, Arlindo Lopes Oliveira, Candido Correia Guimarães
e Carlos Alberto Gonçalves Leite.
Os quatro primeiros foram denunciados em 16 de janeiro de 1967 como
autores do lançamento de um engenho incendiario nos terrenos
da Goodyear do Brasil. No curso das investigações,
o DOPS descobriu que os referidos elementos faziam parte de uma
organização de base do Partido Comunista do Brasil
no bairro do Tatuapé (daí o surgimento dos nomes dos
demais indicados ora absolvidos) pesando contra o estudante Carlos
Alberto Gonçalves Leite a acusação de que seria
o mentor intelectual da referida organização. Ao julgamento
estiveram presentes apenas os réus Natale Chiovi e Amus Gamberini.
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Goiania:
presos 11 terroristas
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Um grupo de onze terroristas foi preso em Goiania, depois de uma
ação conjunta do Exercito, Policia Federal e SNI,
quando se preparavam para assaltos a supermercados e outros estabelecimentos
comerciais daquela capital. Pelo que se apurou, o bando pertencia
à organização subversiva que era comandada
por Carlos Marighela, e se propunha a desenvolver ações
de terrorismo ao longo do eixo Brasil-Goiania. Para tanto, dispunha
de um verdadeiro arsenal montado numa casa alugada nas cercanias
de Goiania; ali foram apreendidas armas de uso explosivo das Forças
Armadas e muitos quilos de dinamite.
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Leopoldo
Heitor explica prisão
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Leopoldo Heitor conhecido nacionalmente pela alcunha de advogado
do diabo, esteve ontem na Ordem dos Advogados do Brasil, no Rio,
para fazer um relatório sobre as condições
de sua prisão, há 17 dias atrás, por ter sido
acusado de providenciar documentos falsos para a saida do Brasil
de subversivos ligados à "ala Marighela".
Ficou decidido na reunião o envio de um documento ao Conselho
Federal da OAB, contendo as explicações de Leopoldo.
Futuramente, e com base nesse documento, o Conselho divulgará
uma nota oficial sobre o caso.
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Corpo
de terrorista chega a São Paulo
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O corpo de Chanel Charles Schreider, preso na madrugada do sabado
passado juntamente com Antonio Spinozza e Maria Auxiliadora Montenegro
num aparelho terrorista do suburbio carioca de Lins de Vasconcelos,
chegou anteontem às 14 horas em São Paulo. O cadaver veio num avião
da Varig, acompanhado pelos pais de Chael e por seu primo Mendell
Kelman, que foi quem reclamou o corpo no Instituto Medico Legal
da Guanabara. O corpo de Chael dera entrada no IML às 19 horas,
na terça-feira, removido do Hospital Central do Exercito. Segundo
diretor do HCE, o cadaver foi autopsiado na Policia do Exercito,
antes de chegar àquele hospital. O diretor do IML, por sua vez,
esclareceu que o corpo ali chegou acompanhado de laudo cadaverico
e de atestado de obito. A causa mortis ainda não foi divulgada.
Chael foi enterrado anteontem mesmo, às 16 horas, no Cemiterio Israelita
do Butantã.
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Leopoldo
Heitor explica prisão
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Desembarcou
ontem à tarde em Congonhas, sendo imediatamente encaminhado
para o DOPS, o sacerdote dominicano Carlos Alberto Libanio Christo,
conhecido em sua Ordem como frei Beto, preso em Porto Alegre depois
que as autoridades paulistas o identificaram como elemento da cupula
da organização subversiva que era comandada por Carlos
Marighela.
Em companhia de frei Beto vieram presos o padre Manoel Vasconcelos
Valiente e o monsenhor Marcelo Pinto Carvalieiro, contra os quais
tambem pesam acusações de participação
em organizações terroristas. Padre Manoel é
sobrinho do arcebispo de Ribeirão Preto.
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