EM VIGOR O ESTADO DE SITIO
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Publicado
na Folha da Manhã, sábado, 26 de novembro de 1955
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Neste texto foi mantida a grafia original
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A palavra do ministro da Justiça: o governo usará
da maneira mais branda possivel os poderes especiais de que agora
dispõe
Citados entre os provaveis executores o Mal. Mascarenhas e os gens.
Denys e Alves Bastos
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RIO (FOLHAS) - Dentro de poucas horas será conhecido
o executor do estado de sitio. A lei que instituiu a medida de exceção
foi sancionada ontem, às 9 h 30, pelo sr. Nereu Ramos e referendada
por todos os ministros de Estado. Publicada à tarde no "Diario
Oficial", a lei está desde ontem em vigor.
O executor do estado de sitio será designado por decreto
do presidente da Republica. Terá ele, por atribuição,
tomar todas as providencias adequadas para prevenir e reprimir qualquer
tentativa de comoção intestina, bem como requisitar
a colaboração das autoridades civis e militares, por
intermedio dos ministros de que elas dependem.
Até o momento em que redigimos este noticiario, não
foram sentidos os efeitos da medida decretada pelo Executivo, com
a aprovação do Congresso. A imprensa e o radio permanecem
sem censura, não havendo indicações da forma
pela qual deverá a mesma ser exercida.
Nos meios politicos, ontem à tarde, corria que se estudava,
nos altos circulos governamentais, uma formula destinada a coonestar
a atividade da imprensa em face das restrições criadas
pelo estado de sitio, com referencia à livre divulgação
de informes e noticias. Tal formula consistiria num compromisso
moral que os diretores de jornais assumiriam com as autoridades,
tendo em vista o controle, por eles proprios, das noticias consideradas
contrarias aos interesses da segurança nacional e do regime.
Nesse sentido, informava-se que, ainda hoje, o ministro da Justiça,
por intermedio dos orgãos de classe, convocaria os diretores
de jornais para transmitir-lhes a orientação do governo,
obviamente com as ponderações adequadas às
hipoteses de inobservancia dos criterios mais ou menos subjetivos,
sob os quais se pretende fazer executar, no campo da imprensa, o
estado de sitio.
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Meneses
Pimentel: brandura na execução
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O sr. Meneses Pimentel, ministro da Justiça, esteve ontem, à tarde,
no palacio Tiradentes, onde conferenciou com varios lideres parlamentares.
Em conversa com os jornalistas, o sr. Meneses Pimentel reiterou
as declarações já feitas aos vespertinos: não trocara ainda impressões
com os demais ministros sobre o estado de sitio, mas podia afirmar
que é pensamento do governo usar da maneira mais branda possivel
os poderes especiais que lhe foram conferidos por aquela medida.
O titular da pasta da Justiça, em resposta a uma indagação, disse
que tambem não sabia quem seria designado para executar o estado
de sitio. Entrando em outras considerações sobre a situação do país,
esclareceu que a medida de exceção, ora em mãos do governo, tinha
por objetivo armar o Executivo para intervir com eficiencia no caso
de uma emergencia qualquer. "No caso frisou nada
prefigura a hipotese, dado o clima de tranquilidade reinante no
país, com a população pacificamente dedicada ao trabalho."
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Nenhuma
indicação precisa
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Quanto à designação do executor, não
havia ainda indicações precisas sobre a pessoa a ser
escolhida pelo governo para exercer essas altas funções.
A reportagem manteve contacto com diferentes setores ligados ao
governo, nada conseguindo de concreto sobre o assunto.
Informava-se, entretanto, que a escolha do executor estaria dependendo
do acerto de alguns pormenores, relativos à aplicação
do estado de sitio em todo o territorio nacional. Existiria a preocupação
de estabelecer perfeita harmonia de vistas entre a autoridade executante
da medida de exceção e os governadores estaduais,
que poderiam indicar os executores locais do estado de sitio, ou
opinarem sobre a escolha de nomes, a ser feita pelo Poder Executivo
federal.
Recordava-se ainda, com relação à escolha do
executor geral do estado de sitio no país, que em casos anteriores
tal função chegou a ser exercida pelo ministro da
Justiça e pelo ministro da Guerra. Paralelamente, informava-se
que, entre os nomes mais indicados para aquele alto posto, figuram
os do marechal Mascarenhas e generais Denys e Joaquim Justino Alves
Bastos.
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Fala
o ministro da guerra: posse aos eleitos
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RIO (FOLHAS) Os militares que exercem mandato na Camara
dos Deputados, srs. Severino Sombra Felix Valois, Vitorino Correia,
Mario Gomes, José Guiomar, Wilson Fadul e Oscar Passos estiveram
hoje em visita ao ministro Teixeira Lott, com quem mantiveram demorada
palestra e a quem apresentaram inteira solidariedade pela posição
que assumiu nos ultimos acontecimentos.
Deixaram de comparecer à pasta da Guerra os deputados militares
Virgilio Tavora, Luís Tourinho e Carlos Albuquerque, os quais,
diz-se, não foram encontrados à hora em que ficou
aprazada a visita ao ministro Teixeira Lott.
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Repele
acusações
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Naquela ocasião o general Teixeira Lott fez minucioso relato
dos acontecimentos que culminaram com a atitude militar de 11 de
novembro. O general Lott afirmou que não há divergencias
no seio das classes armadas, que estão unidas, coesas e vigilantes,
cooperando para o restabelecimento da ordem e da vida constitucional
do país.
Disse ainda que não se aborrece com o dever na hora exata
em que se pretendia subverter o país. Disse que até
de traidor do sr. Café Filho tem sido chamado. Repeliu essa
acusação, já que argumentou quando
assumiu o comando dos acontecimentos que culminaram com a ordem
de cousas estabelecidas no dia 11 de novembro, já não
era mais ministro da Guerra, pois o ato de sua exoneração
havia sido publicado pelo "Diario Oficial", na vespera.
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Respeito
à justiça
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No final de sua explanação, o ministro Teixeira Lott referiu-se
à posse dos candidatos eleitos. Destacou que se trata de problema
da alçada de esfera alheia à sua, da exclusiva competencia da Justiça
Eleitoral. O que esta decidir assinalou será acatado
pelas Forças Armadas.
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