NÃO HAVERÁ RACIONAMENTO
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Publicado
na Folha de S.Paulo, domingo, 22 de julho de 1979
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A primeira reunião da Comissão Nacional de Energia não
valeu. Foi anulada pelo presidente João Batista Figueiredo,
que não aceita o racionamento e nem a limitação
das importações de petróleo. O único tipo
de racionamento indireto aceito por Figueiredo é a elevação
dos preços de derivados de petróleo, incentivando a
sua substituição por fontes alternativas de energia.
O presidente não quer mais ouvir falar em recessão,
ainda que seletiva. E o racionamento por quotas ou a limitação
das importações de petróleo deprimiria as atividades
econômicas, segundo entende Figueiredo. Baseado em números
do ministro Murilo Macedo, do Trabalho - seria preciso um crescimento
anual de 6,5% da economia para absorver a oferta de mão-de-obra
- o presidente julgou a hipótese recessiva inaceitável.
As novas orientações para a área energética
foram tomadas em reunião de "petit comitê"
no Palácio do Planalto, sem as presenças do ministro
das Minas e Energia, César Cals, e do presidente da CNE, Aureliano
Chaves.
A decisão de limitar as importações como havia
decidido a CNE, está revogada. Agora a Petrobrás será
orientada a acelerar as importações até setembro
aproveitando a atual entressafra da demanda mundial para repor seus
estoques e antecipar compras. Com isso, o governo pretende garantir
um preço por barril em 79, da ordem de 18 a 19 dólares,
contra pouco mais de 15 no primeiro semestre do ano e exatamente 13,66
dólares na média do ano passado.
Na reunião do Planalto, o ministro Golberi Couto e Silva esposou
a tese, endossada por Figueiredo, de que o racionamento por quotas
provoca recessão econômica, enquanto o racionamento indireto
por preços mais altos provoca substituição do
petróleo por fontes alternativas de energia.
Na reunião de quarta-feira, a CNE fixará os novos preços
dos derivados de petróleo, por ordem presidencial. A gasolina
subirá menos, o óleo diesel um pouco mais e o óleo
combustivel bem mais. Figueiredo está consciente de que essa
política gerará inflação ainda maior do
que a atual. Mas preferiu adotar essa alternativa do que tentar baixar
a espiral inflacionaria através de uma estratégia recessiva.
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