FORÇAS POLICIAIS CERCAM A SEDE DA CAMARA MUNICIPAL DE
BELO HORIZONTE
Provoca
agitação na capital mineira o empastelamento do "Jornal
do Povo" por oficiais e praças
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Publicado
na Folha da Manhã, terça-feira, 22 de fevereiro
de 1949
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Neste texto foi mantida a grafia original
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BELO HORIZONTE, 21 (Do correspondente) - Na sessão de
hoje da Camara dos Vereadores, o sr. Orlando Bonfim Junior, diretor
do "Jornal do Povo", orgão do Partido Comunista,
apoiado por alguns representantes da U.D.N., P.T.B. e P.S.D., deplorou
a atitude dos elementos da Força Publica de Minas, que empastelaram
a redação e as oficinas daquele periodico.
Violentos debates foram, então, travados entre vereadores que
condenavam a atitude dos militares e os que justificavam esse ato
como um desagravo às ofensas veiculadas pelo periodico.
Oficiais e praças que compareceram à sessão,
à paisana, e adeptos do P.C.B. criaram um ambiente de panico,
não se verificando, entretanto, acontecimentos mais graves.
A sessão transcorreu em ambiente de tumulto.
Logo que o vereador Orlando Bonfim Junior iniciou sua oração,
foi o edificio cercado por uma companhia da Força Publica,
armada de metralhadoras, sob o comando do major Nelio Cerqueira.
A proposito desses fatos, a reportagem ouviu o presidente da Camara,
padre Assis de Assunção, que disse:
"Consideramos a presença da Força Policial nas
imediações da Camara ilegal e inconstitucional. Não
pedimos garantia à policia.
"Enviamos o vereador Lauro Mourão Guimarães para
protestar e pedir ao comandante-geral que mandasse retirar a tropa
e os elementos pertencentes à corporação que
se encontram no plenario e nas galerias, no que não fomos atendidos."
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O
empastelamento |
RIO, 21 (Sucursal) - Telegrama de Belo Horizonte informa que
o empastelamento do orgão comunista "Jornal do Povo",
levado a efeito sabado ultimo, por oficiais e praças da milicia
estadual, continua a ser o assunto do dia.
Em face da aglomeração popular que se formou na praça
Sete, com a presença de elementos exaltados, receiava-se, por
parte dos comunistas, uma reação violenta. Todavia,
a tensão diminuiu com a intervenção da policia.
O ataque à redação do jornal comunista, e posteriormente
à oficina onde era impresso, foi motivado pela campanha sistematica
que aquela folha desfechara contra a Policia Militar. Oficiais e praças
invadiram a redação do jornal instalada em predio de
dois andares, situado na rua Mato Grosso, depredando-a totalmente.
Mais tarde, rumaram para a rua Rio Grande do Sul, onde está
localizada a Grafica Netunia, que imprime o jornal, destruindo duas
linotipos e a rotoplana.
O governador Milton Campos, tomando conhecimento do incidente, determinou
a abertura de inquerito para apurar responsabilidades.
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