BOMBA EXPLODE NO CONSULADO DOS EUA
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Publicado
na Folha de S.Paulo, terça-feira, 19 de março
de 1968
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Neste texto foi mantida a grafia original
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A biblioteca do Consulado norte-americano foi parcialmente destruida,
hoje de madrugada, quando uma bomba explodiu junto à porta
que dá para a rua Pe. João Manuel. Em consequencia da
explosão, três pessoas ficaram feridas, uma delas com
gravidade.
O petardo, cujo tipo ainda não foi estabelecido, explodiu exatamente
à 1 h 15. Pelas primeiras investigações, feitas
pelos delegados Brás Giudice Neto, da Radio Patrulha, e Orlando
Rozante, do DOPS, a bomba foi colocada entre a grade e o vidro. Os
estilhaços feriram três pessoas que, momentos antes,
haviam guardado um carro no estabelecimento existente no subsolo do
predio e que saiam quando aconteceu a explosão. Os feridos
são: Orlando Lovequi Filho (rua Guaibé, 56, Santos).
Edmundo Ribeiro de Mendonça (rua Guaibé, 80, Santos)
e Vitor Fernando Sicurella Varela. O primeiro, segundo informações
dos medicos que os conduziram ao HC, sofreu três fraturas na
perna, uma exposta, correndo o risco de perder o pé esquerdo
em virtude da gravidade dos ferimentos. Os outros foram feridos levemente.
A Policia apurou que os três iriam dormir no apartamento de
Orlando, nas proximidades do local. chegaram com o carro chapa de
Santos 1-63-16-51, que deixaram no estacionamento e saiam quando foram
apanhados pelos estilhaços de bomba. Dois soldados do Policiamento
Ostensivo da Força Publica socorreram os feridos, que foram
conduzidos ao hospital em uma ambulancia do Pronto-Socorro Santa Lucia.
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Confusão |
Em virtude da força da explosão, do barulho e da fumaça
que tomou conta da rua, a confusão reinante foi muito grande.
Todos queriam falar, dizendo que haviam visto o que ocorrera, o que
deixou a Policia bastante confusa. O vigia de uma firma estabelecida
no mesmo predio e que tambem teve os vidros estilhaçados, disse
que, ao ouvir o barulho, pensou que algum carro tivesse batido nas
portas da firma. Desceu - estava no segundo andar - e disse ter visto
somente dois feridos em meio a uma poça de sangue. Em seguida,
continuou, um sargento da Força Publica e dois soldados chegaram
correndo para ver o que estava acontecendo. Os feridos pensavam ter
sido atropelados, não sabiam o que tinha acontecido.
Os primeiros a chegarem ao local, após os soldados, foram os
bombeiros, componentes de uma Guarnição de Salvamento.
Junto à porta onde explodiu a bomba, foi encontrada uma Carteira
Profissional que a Policia apreendeu sem dizer a quem pertencia. Sabe-se
apenas que não é de nenhum dos feridos.
Um dos feridos, depois de medicado, foi encaminhada ao DOPS, onde
será submetido a interrogatorio. A Policia acha, entretanto,
que eles não têm nada a ver com o caso. Os outros ficaram
internados no HC.
Nenhum funcionario do Consulado compareceu ao local e o consul dos
EUA, sr. Nilles Bond, não foi localizado.
Na perna de Orlando, que ainda não foi ouvido em virtude de
seu estado, parece ter se encravado um estilhaço que talvez
pertença à bomba. O projetil será objeto de minucioso
exame por parte da Policia Tecnica. O delegado Rozante acha que o
"corpo estranho" poderá ser uma pista segura para
que se determine que tipo de bomba foi usada. As autoridades que compareceram
ao local, alem do delegado de plantão da 4.a C.P., onde foi
instaurado o inquerito, não fizeram nenhuma declaração
sobre a natureza da ocorrencia, que parece ter fundo politico. Dois
amigos dos feridos, que os procuraram no HC, foram detidos para averiguações.
Seus nomes não foram declinados pelas autoridades.
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