Ex-vice-presidente pode estar envolvido
Do
Enviado especial a Maceió
A auditoria
da Legião Brasileira de Assistência (LBA), que investigou
o rombo de US$ 1 milhão na superintendência regional
de Alagoas, apontou indícios de envolvimento ou convivência
da direção nacional da entidade com as irregularidades.
Na época, a LBA era presidida pela primeira-dama Rosane Collor.
Apesar dos indícios, a auditoria não investigou o
papel da direção nacional no caso.
O relatório da sindicância está sendo mantido
em sigilo pela LBA, Procuradoria Geral da República e Polícia
Federal. Pelo menos um depoimento, de um funcionário da regional
cujo nome não foi revelado, diz que Abílio Dantas,
vice-presidente nacional da LBA na gestão de Rosane, sabia
das irregularidades antes delas serem divulgadas.
A sindicância apontou ainda irregularidades em 28 convênios
e contratos da LBA alagoana. Pelo menos três envolvem a família
de Rosane. O rombo representa cerca de 25% dos recursos encaminhados
pela LBA a Alagoas.
O descompasso entre os indícios apontados e a conclusão
final da auditoria, que isentou Rosane e a direção
nacional da LBA, levou a Procuradoria a pedir abertura de inquérito
na Polícia Federal.
Se considerasse a auditoria conclusiva, a Procuradoria iniciaria
imediatamente a ação penal contra os funcionários
da superintendência regional apontados na sindicância
como responsáveis pelas irregularidades.
O ex-chefe de serviços gerais da LBA-AL, Carlos Rosa, citado
na sindicância com um dos responsáveis pelas irregularidades,
disse à Folha que, "na hora certa", vai apresentar
documentos que mostrariam que as irregularidades não partiram
da superintendência. "A ordem veio de cima", disse.
Rosa perdeu o cargo de chefia, mas continua trabalhando na LBA.
Ele deveria ter sido a primeira pessoa a depor no inquérito
criminal, mas seu depoimento, marcado para a última quarta-feira,
foi adiado pela PF.
O novo superintendente regional da LBA, Ramsés Costa Melo,
diz que "acabou a bandalheira" na entidade. Ele é
ligado ao presidente Fernando Collor de Mello, de quem foi auditor-chefe
no governo de Alagoas. Embora negue conhecer qualquer envolvimento
de Rosane Collor nas irregularidades, diz que a "interferência
política era muito forte".
Na gestão anterior, a LBA-AL contratou duas empresas ligadas
aos Malta para distribuir água no sertão alagoano.
As empresas do irmão de Rosane, Pompilho Malta, e de sua
tia Esmeralda Malta, não tinham carros-pipa ou experiência
no transporte de água.
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