LBA DE ALAGOAS DESVIA US$ 1 MILHÃO


Auditoria aponta envolvimento da ex-direção nacional no desfalque , que chega a 25% das verbas liberadas

Publicado na Folha de S.Paulo, domingo, 16 de fevereiro de 1992

Auditoria interna feita na Legião Brasileira de Assistência (LBA) mostra que o rombo de US$ 1 milhão na superintendência de Alagoas equivale a cerca de 25% dos recursos encaminhados pelo órgão ao Estado, durante o período em que a primeira-dama Rosane Collor presidiu a entidade.
A investigação apontou indícios de envolvimento e convivência da ex-direção nacional da LBA nas fraudes. Segundo relatório da sindicância, foram detectados irregularidades em 28 convênios e contratos feitos pela LBA de Alagoas. Desses contratos, pelo menos três envolvem os Malta, família da primeira-dama. A Procuradoria Geral da República pediu a abertura de inquérito na Polícia Federal.

LBA de Alagoas tem rombo de US$ 1 mi

Ex-vice-presidente pode estar envolvido

Do Enviado especial a Maceió

A auditoria da Legião Brasileira de Assistência (LBA), que investigou o rombo de US$ 1 milhão na superintendência regional de Alagoas, apontou indícios de envolvimento ou convivência da direção nacional da entidade com as irregularidades.
Na época, a LBA era presidida pela primeira-dama Rosane Collor. Apesar dos indícios, a auditoria não investigou o papel da direção nacional no caso.
O relatório da sindicância está sendo mantido em sigilo pela LBA, Procuradoria Geral da República e Polícia Federal. Pelo menos um depoimento, de um funcionário da regional cujo nome não foi revelado, diz que Abílio Dantas, vice-presidente nacional da LBA na gestão de Rosane, sabia das irregularidades antes delas serem divulgadas.
A sindicância apontou ainda irregularidades em 28 convênios e contratos da LBA alagoana. Pelo menos três envolvem a família de Rosane. O rombo representa cerca de 25% dos recursos encaminhados pela LBA a Alagoas.
O descompasso entre os indícios apontados e a conclusão final da auditoria, que isentou Rosane e a direção nacional da LBA, levou a Procuradoria a pedir abertura de inquérito na Polícia Federal.
Se considerasse a auditoria conclusiva, a Procuradoria iniciaria imediatamente a ação penal contra os funcionários da superintendência regional apontados na sindicância como responsáveis pelas irregularidades.
O ex-chefe de serviços gerais da LBA-AL, Carlos Rosa, citado na sindicância com um dos responsáveis pelas irregularidades, disse à Folha que, "na hora certa", vai apresentar documentos que mostrariam que as irregularidades não partiram da superintendência. "A ordem veio de cima", disse.
Rosa perdeu o cargo de chefia, mas continua trabalhando na LBA. Ele deveria ter sido a primeira pessoa a depor no inquérito criminal, mas seu depoimento, marcado para a última quarta-feira, foi adiado pela PF.
O novo superintendente regional da LBA, Ramsés Costa Melo, diz que "acabou a bandalheira" na entidade. Ele é ligado ao presidente Fernando Collor de Mello, de quem foi auditor-chefe no governo de Alagoas. Embora negue conhecer qualquer envolvimento de Rosane Collor nas irregularidades, diz que a "interferência política era muito forte".
Na gestão anterior, a LBA-AL contratou duas empresas ligadas aos Malta para distribuir água no sertão alagoano. As empresas do irmão de Rosane, Pompilho Malta, e de sua tia Esmeralda Malta, não tinham carros-pipa ou experiência no transporte de água.


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