BRASIL RECONHECE A CHINA DE MAO


Publicado na Folha de S.Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 1974

Neste texto foi mantida a grafia original


O Brasil e a República Popular da China estabeleceram relações diplomáticas, às 18 horas de ontem, em cerimônia que se realizou no Palácio do Itamaraty, presidida pelo chanceler Azeredo da Silveira e com a presença do vice-ministro do Comércio chinês, Chen Chien. Com esse gesto, o Brasil rompe tacitamente suas relações com Formosa, pois considerou o governo de Pequim "o único governo legal da China", atribuindo a Taiwan a condição de simples província, "parte inalienável" da República Popular. A embaixada da China Nascionalista em Brasília foi avisada da decisão brasileira horas antes, mediante comunicação oficial feita pelo secretário-geral do Itamaraty, embaixador Saraiva Guerreiro. Espera-se para as próximas horas o rompimento formal das relações entre o Brasil e Formosa com um comunicado que deverá ser feito pela chancelaria chinesa em Taipé. À cerimônia de estabelecimento de relações com a República Popular da China, no gabinete do chanceler Azeredo da Silveira, estavam presentes, além dos membros da missão comercial chinesa que se encontra em Brasília, os ministros Severo Gomes, da Indústria e Comércio; Allyson Paulinelli, da Agricultura; Reis Veloso, do Planejamento; e todos os chefes de departamentos e divisões do Itamaraty. A cerimônia foi simples: leitura (em português e em chinês) do comunicado conjunto sobre o relacionamento diplomático entre os dois países e discursos do chanceler da Silveira e do vice-ministro Chen Chien. Seguiram-se as conversas informais, enquanto se aguardava o cafezinho. Mas logo a palestra voltou aos temas relevantes, quando o chanceler afirmou a disposição do Brasil de institucionalizar a venda de açúcar à China. Depois, aproveitando um momento informal, o ministro Severo Gomes dirigiu-se ao vice-ministro Chen Chien para confirmar o desafio, feito neste últimos dias, para uma partida de pingue-pongue entre os dois. As convenções entre o Brasil e a China sobre comércio e relações econômicas prosseguem hoje de manhã, no Palácio do Itamaraty, e à tarde os chineses seguem para a Guanabara, de onde retornam a Pequim.

O COMUNICADO


Eis o texto do comunicado conjunto:
"O Governo da República Federativa do Brasil e o governo da República Popular da China, em conformidade com os interesses e os desejos dos dois povos, decidem estabelecer relações diplomáticas em nível de embaixadas, a partir desta data.
"O Governo da República Federativa do Brasil reconhece que o governo da República Popular da China é o único governo legal da China. o governo chinês reafirma que Taiwan é parte inalienável do território da República Popular da China. O governo brasileiro toma nota dessa posição do governo chinês.
"Os dois governos concordam em desenvolver as relações amistosas entre os dois países com base nos princípios de respeito recíproco à soberania e à integridade territorial, não-agressão, não-intervenção nos assuntos internos de um dos países por parte do outro, igualmente e vantagens mútuas e coexistência pacífica.
"O governo da República Federativa do Brasil e o governo da República Popular da China concordam em trocar embaixadores dentro do mais breve prazo possível e em prestar um ao outro toda a assistência necessária para a instalação e funcionamento das embaixadas em suas respectivas capitais".
A missão comercial da República Popular da China, que se encontra em Brasília, será recebida hoje pelo chefe da Casa Civil da Presidência, general Golbery do Couto e Silva, mas informações que circulavam ontem no Palácio do Planalto não excluíam a possibilidade de um encontro (fora da agenda) com o próprio presidente Ernesto Geisel.

A EMBAIXADA DE FORMOSA EM BRASILIA FOI AVISADA HORAS ANTES DA DECISÃO.

DEPOIS DE 25 ANOS, BRASIL RECONHECE A CHINA

BRASÍLIA (Sucursal) — Afirmando que o Brasil e a China têm "enfoques distintos sobre os seus destinos nacionais" mas que estão dispostos a respeitar-se mutuamente e por isso estabelecerem relações diplomáticas, o chanceler Azeredo da Silveira fez o seguinte discurso ontem no Palácio do Itamaraty.
"Pelo ato que acabamos de concluir o governo do Brasil e o governo da República Popular da China se reconhecem mutuamente e decidem estabelecer relações diplomáticas em nível de embaixadas.
"Este é um marco importante na história das relações entre os nosso povos. Como vossa excelencia observava, há poucos dias, serão tradicionais os laços de amizade entre eles. Os brasileiros que nos anos recentes visitaram a República Popular da China trouxeram todos boas lembranças da calorosa acolhida ali recebida. É os senhores terão experimentado, diretamente, nos lugares por onde passaram nestes últimos dias, que tal sentimento é reciproco de nossa parte com relação ao povo chinês.
Deve ser, pois, motivo de satisfação para nossos governos podermos formalizar, neste ato, as relações no plano oficial. Estamos certos de que elas refletirão apropriadamente o clima de simpatia e de respeito mútuo que caracteriza a apreciação reciproca que têm, um outro, os nossos povos.
"Nossos governos têm enfoques distintos para a condução dos seus respectivos destinos nacionais. Ambos consideramos, no entanto, que é um direito inalienável de cada povo o de escolher o seu próprio destino. O que é fundamental, sim, é que nas suas relações internacionais os governos estejam dispostos a, efetivamente, respeitar esse direito. O Brasil e a República Popular da China convergem nesse propósito. Fundamos nosso relacionamento nos princípios de respeito mútuo à soberania e de não intervenção nos assuntos internos do outro país. Estes são os alicerces da nossa amizade. O comunicado conjunto que acabamos de assinar, onde estes e outros princípios estão inscritos, não é apenas uma declaração de intenção mas o retrato da convicção que nos anima a ambos sobre estas questões. Fieis a esse espírito é que reconhecemos no governo da República Popular da China a legitimidade da representação de toda a China. Ao povo chinês, em sua totalidade, desejamos paz e prosperidade. Senhor ministro, à missão que trouxe Vossa Excelencia ao Brasil tem também o propósito de lançar as bases para o nosso intercâmbio comercial. Não é mera coincidência que assim seja. Constitui o comércio importante veículo para o entendimento entre as nações. Estamos certos de que esse será, também, o caso entre as nossas.
"Vossa Excelencia estará regressando a Pequim amanhã. Peço, senhor ministro que leva aos lideres do governo chinês, ao presidente interino da República Popular da China, senhor Tung Pi-Wu, ao primeiro ministro senhor Chou Em-Lai, e ao ministro de Negócios estrangeiros senhor Chi Peng-Fei os votos que faz o governo do Brasil pelo desenvolvimento harmoniosos das nossas relações oficiais, pelos êxitos do governo chinês nos seus esforços em prol do bem estar do povo chinês e pela crescente cooperação entre nossos dois povos em benefício da paz mundial."

"LUTAR CONTRA AS SUPERPOTÊNCIAS"

BRASILIA (Sucursal) — O vice-ministro do Comércio da China, Chen Chien, afirmou ontem que brasileiros e chineses "defrontam-se com a mesma tarefa de salvaguardar a independência e a soberania nacionais, desenvolver a economia nacional, e lutar contra o hegemonismo e a política de força das superpotências". Suas palavras foram pronunciadas logo após o estabelecimento das relações diplomáticas entre o Brasil e a China, ontem. Afirmou o vice-ministro Chen Chien: "Antes de tudo, quero agradecer ao senhor ministro pelas suas palavras calorosas. Ontem à noite, nós assinamos o comunicado conjunto que constituiu um grande acontecimento nas relações entre os dois países e na vida política dos dois povos, e que abriu uma página importante na história das relações dos dois países. O estabelecimento das relações diplomáticas corresponde totalmente às aspirações comuns do povo chinês e do povo brasileiro e conforma-se com os interesses comuns dos dois povos. Tudo isso nos alegra muito. "Após a fundação da república Popular da China, sobretudo nos últimos anos, à luz da linha exterior revolucionária do presidente Mao Tse-Tung, as relações exteriores da RPC experimentaram um desenvolvimento relativamente rápido. O governo da RPC é o único governo legal que representa todo o povo da China. A província de Taiwan é a parte inalienável do território da República Popular da China. E esta posição nossa tem obtido a aceitação e o reconhecimento de um número crescente de países no mundo inteiro. Até agora há no total noventa e sete países que já estabeleceram relações diplomáticas com a China, e mais de cento e cinquenta países e regiões que mantem conosco intercâmbio comercial. Temos amigos então por toda parte. "A convite do governo brasileiro, a delegação comercial de RPC, efetuou uma visita amistosa ao Brasil. Por meio de contatos e conversações amistosas e francas aumenta-se ainda mais a compreensão mútua. Vimos com satisfação que temos pontos comuns em vários aspectos. A China e o Brasil, como países em vias de desenvolvimento, defrontam-se com a mesma tarefa de salvaguardar a independência e a soberania nacionais, desenvolver a economia nacional, e lutar contra a hegemonismo e a política de força das superpotências. "Nós os países em desenvolvimentos, temos mil e uma razões para nos unirmos ainda mais estreitamente e nenhuma razão para nos afastarmos uns dos outros. O estabelecimento das relações diplomáticas torna mais ampla a perspectiva de colaboração e intercâmbio entre os dois países. Estamos seguros de que com os esforços comuns das duas partes as relações amistosas e de intercâmbio comercial entre dois países se poderão consolidar e desenvolver de modo gradual. "Para terminar, permito-me expressar nossos melhores votos ao presidente da República Federativa do Brasil Sua Excelencia o general Ernesto Geisel, ao senhor ministro Azeredo da Silveira e aos demais senhores ministros de Estado, pelo desenvolvimento do Brasil e pela felicidade e prosperidade do povo brasileiro."

O GRANDE INTERESSE PELA AMÉRICA LATINA

WASHINGTON — O representante da República Popular da China em Washington, embaixador Huang Chen, manifestou o interesse de seu país em desenvolver os vínculos de amizade com a América Latina através da intensificação de suas relações comerciais. Huang declarou que embora um grande oceano separe nossos países, o comercio pode estender uma ponta da amizade entre nossos povos". O diplomata fez esta manifestação durante um jantar que lhe ofereceu ontem à noite o embaixador argentino em Washington, Alejandro Orfila, em antecipação a uma delegação que seu país enviará brevemente a Pequim, com o objetivo de discutir diversos contratos de abastecimento. Foram convidados para a recepção dos representantes dos demais países da região que estabeleceram relações com a China Continental, entre eles encontravam-se Fernando Berckemeyer, do Peru, José Juan de Olloqui; do México, Alberto Quevedo Toro, do Equador e José Machin, representante da Venezuela junto à OEA. O grupo de personalidades norte-americanas que compareceu ao jantar, era chefiado pelo líder da maioria democrata no senado, Mike Mansfield. A RPC encontrava-se desenvolvendo rapidamente um programa de importação que suplanta seu esquema de dependência da própria produção interna. Calcula-se que aquele país teve no ano passado um superavit comercial de 200 milhões de dólares, o que é aproximadamente o montante que destina aos programas de ajuda externa. Neste ano intensificaram-se as exportações a sua área de influência, para garantir a capacidade de compra que esta apoiada por algumas reservas incondicionais que passariam a um bilhão de dólares. Os especialistas em assuntos asiáticos acreditam que o interesse da China na América Latina envolve considerações tanto políticas como econômicas . Nos últimos anos, a China havia procurado o Japão para adquirir os bens necessários ao seu desenvolvimento, mas nota-se que se está tentando diversificar agora as fontes de abastecimento com as fontes de abastecimento com o objetivo aparente de não criar uma situação de decisiva dependência de seu poderoso vizinho industrial.

O MAIOR MERCADO DO MUNDO?

RIO — (Sucursal) — A República Popular da China, com uma população de 800 milhões de habitantes —cerca de ¼ da população terrestre— é um mercado que vem despertando a atenção das grandes potências mundiais. Em um ano, os Estados Unidos exportaram para a China 1 bilhão de dólares, principalmente em cereais e aviões, e o Brasil poderá alcançar igual resultado. As melhores perspectivas são quanto aos produtos primários, como açúcar e algodão, mas também os manufaturados brasileiros poderão ter aceitação no mercado chinês, principalmente fios sintéticos, maquinas operacionais e navios. No setor de industrializados, entretanto, tudo despenderá da maneira como será feita a comercialização, já que este tipo de produto exige a apresentação de amostras e a realização de exposições.

ABERTURA

A missão da China que se encontra no Brasil, respondendo a convite feito pelo diplomata Antonio Bueno que participou da missão comercial brasileira à China em abril deste ano, é uma evidência de que há grande interesse das duas partes no incremento de comercio.
De 1964 a 1971, as exportações brasileiras para a China não existiram. A partir desse ano, com a visita extra-oficial do diplomata Horacio Coimbra e do ministro Holanda Cavalcanti à China, este país começou a comprar açúcar por intermedio de corretores londrinos.
Em outubro de 1972, foi enviada a primeira missão comercial brasileira à China Popular, organizada pela AEB e chefiada pelo presidente da entidade, Giullite Coutinho, a missão foi responsável pela venda de 3 mil toneladas de algodão e por exportações no valor de 70 milhões de dólares. Naquele ano foram vendidos à China, 69,3 milhões de dólares em açúcar, ainda através dos intermediários ingleses, 786 mil dólares em algodão 754 mil dólares em ferro gusa e 189,6 mil dólares em semestres de soja, alem de outros produtos.
Em 1973 as vendas caíram para 65,1 milhões de dólares, tendo o açúcar diminuído para 36,1 milhões de dólares, e as exportações de algodão alcançado 25,7 milhões de dólares. Estes dois produtos, portanto, constituíram, até agora, a base do comércio brasileiro com a China.
No segundo semestre de 1973, as exportações para a China Popular estiveram praticamente paradas, segundo os técnicos, e em abril de 1974 o Brasil enviou ao país sua segunda missão comercial, desta vez com três representantes oficiais: um representante do Ministério da Indústria e Comércio, um do Ministério do Planejamento e outro do Itamaraty, alem de 10 empresários brasileiros, que mantiveram contatos com as corporações de comércio locais e foram recebidos pelo vice-primeiro ministro Li-Sianyen no Palácio do Povo, em Pequim.
Na ocasião, os empresários brasileiros foram informados de que a China havia adquirido do Brasil, em 1972, 40 milhões de dólares em mercadorias por via indireta, além dos 70 milhões registrados, e que no primeiro semestre de 1974 as importações chinesas de produtos brasileiros já tinha atingido 30 milhões de dólares, referentes à compra de 30 mil toneladas de sisal.

FILOSOFIA DE COMÉRCIO

A filosofia de comércio exterior da China Popular é "trocar o que temos pelo que não temos", de modo que as transações beneficiem os dois países, segundo observadores que participaram das missões brasileiras. O fator preço conta muito e também certos aspectos políticos, que dificultam a entrada de manufaturados como os calçados.
Segundo o advogado Danilo dos Santos, que participou dos contatos para a realização das missões brasileiras e foi membro do Conselho de Fomento do Comercio Brasil-China, "A República Popular da China é a favor da integridade territorial e da soberania das Nações, não admitindo intervenções em assuntos internos, tanto que manteve suas relações com o Chile após a queda de Allende, e condenou a invasão soviética à Tchecoslovaquia. Os chineses são também contrários à hegemonia das grandes potências, a política de controle da natalidade e mostraram-se favoráveis ao ponto de vista brasileiro na questão das 200 milhas:.
Até 1971, as transações da República Popular da China com o estrangeiro não ultrapassavam 4,5 bilhões de dólares, representando apenas 0,65 por cento do comércio mundial. Embora está situação tenha se modificado um pouco com as transações comerciais dos últimos anos - 1 bilhão de dólares só com os Estados Unidos - a China continua, segundo os técnicos, a querer manter uma política de auto-suficiência, diversificando sua atividade industrial, o que foi sentido pelos empresários brasileiros, que viram desde computadores a máquinas eletrônicas e equipamentos fabricados no país.
Outra razão para que o comércio exterior da República Popular da China não corresponda ao que seria de esperar de um país com 800 milhões de habitantes, são as pequenas possibilidades do país em obter meios de pagamentos estrangeiros, e o fato de não demonstrar disposição de recorrer a créditos estrangeiros para financiamento de suas importações.
Com os meios de que dispõe, a China importa em primeiro lugar cereais, produtos siderúrgicos lugar cereais, produtos siderúrgicos e metais não ferrosos. Até há pouco tempo, os adultos faziam parte importante da pauta de importações do país, mas as necessidades de um país que tem mais de 9,5 milhões de km2 de solo montanhoso fez com que a indústria de adubos fosse uma das que mais se desenvolveu no país.
Em 1971, a República Popular da China importou 2,1 bilhões de dólares, exportando 2,3 bilhões. Nesse ano, apenas 20,1 por cento das importações chinesas foram provenientes de países socialistas, enquanto que nas exportações o índice foi de 24,9 por cento, consequência das tensões ocorridas durante a década de 60 entre a China e a União Soviética. Em 1959, as trocas China-URSS atingiram 2 bilhões de dólares, não superando os 57 milhões de dólares em 1969.
Mantendo atualmente relações com cerca de 150 nações mercado de grande interesse para grandes potências não socialistas, como o Japão, a República Federal da Alemanha e Estados Unidos, entre outros.
Na América Latina, mantém relações diplomáticas com o México, Argentina, Peru, Chile e, recentemente, Venezuela, tendo firmado com a Argentina um acordo trienal para compra de cereais e tanino. É um dos maiores consumidores do algodão do México. Com o Chile, abriu crédito para importação de alimentos, todo ele consumido durante o governo Allende, já realizou exposições no México, Chile e Argentina e recebeu em troca, exposições de vários países ocidentais.
Nas transações comerciais Brasil-China tem havido um grande saldo favorável à China. Em 1973, as exportações brasileiras atingiram 70 milhões de dólares, enquanto as importações brasileiras de produtos chineses não superaram 454 mil dólares. Em 1972, o desequilíbrio era de 69,5 milhões de dólares. Entretanto, segundo observadores, isto não é obstáculo para que a China aumente as importações de produtos brasileiros, já que o país preocupa-se com um equilíbrio geral na balança e não pais por país.
Um dos problemas, para a ampliação do mercado será, de acordo com os técnicos, a concorrência de outros países. Isto foi sentido na missão comercial deste ano, quando parecia haver mais ofertas do que procura por parte dos chineses, durante a feira de Cantão, realizada duas vezes por ano, a qual comparecem mais de 50 mil estrangeiros, e que foi três vezes maior que a de 75, também visitada pelos empresários brasileiros.

POSSIBILIDADES

A China é um país em desenvolvimento, cujos habitantes possuem uma renda per capita baixa, e os principais produtos que poderá vender ao Brasil são o petróleo, do qual se tornou auto-suficiente, o carvão, produtos têxteis, artesanatos, brinquedos, produtos químicos, fertilizantes, e arames farpados, segundo os técnicos.
Poderá importar, principalmente, açúcar, algodão, soja, milho, ferro, couro e sisal, além de alguns manufaturados como calçados, e navios, já que possui uma frota muito pequena. O pais é carente de produtos siderúrgicos, principalmente aço e também cobre, embora tenha produzido mais de 21 milhões de toneladas de aço em 1973.
Durante a visita da missão comercial realizada em 1972, foram feitos pedidos de cotação de óleo de soja, pasta de papel e outros produtos primários que, entretanto, não foram adquiridos porque o Brasil não tinha a quantidade suficiente para vender na ocasião.
A missão que visita o Brasil é chefiada pelo vice-ministro Chen-Chien, e composta de 2 diplomatas e 8 representantes do Conselho de Corporações Chinesas, uma espécie de super-ministério que congrega todas as corporações que tratam de importações e exportações chinesas. A presença de um diretor do banco da China leva as previsões de que poderá ser assinado um acordo bilateral para a criação de uma moeda convênio, provavelmente o dólar ou a libra.

COMÉRCIO

Em 1973, foi a seguinte a estrutura das exportações brasileiras para a China, num total de US$ 65,139 milhões:

Tecidos de algodão ....................................................................US$ 360.771
Litopone ...................................................................................US$ 21.797
Sulfato de bário .........................................................................US$ 13.278
Antimônio em bruto .....................................................................US$ 10.575
Canetas ....................................................................................US$ 7.254
Aquecedores e condensadores ......................................................US$ 3.859
Isqueiros ...................................................................................US$ 2.092
Escovas e pincéis ........................................................................US$ 2.667
Manufaturas têxteis .....................................................................US$ 3.728
Leques e ventarolas .....................................................................US$ 1.630
China: cinco mil anos de história
Do Neolítico à Revolução Cultural

3000 AC
Período Neolítico:
Imperadores legendários estabelecem padrões de cultura no vale do rio Amarelo e na planície ao Norte da China (dinastia Hsia)

2000 AC
Período Feudal:
Dinastia Shang (1765-1123 AC)
Dinastia Chou (1222-221 AC)
Militares proprietários de terra controlam os territórios
Uso da escrita
Ossos encontrados num oráculo provam a existência de uma civilização muito complexa

1000 AC
Última dinastia Chou
Período dos estados belicosos
Colapso do feudalismo
Especulção filosófica
Confúcio (551 AC)
Taoísmo
Legalismo

500 AC
Dinastia Ch'in (221-206 AC)
Unificação da China sob forte governo central através de métodos legalistas
Dinastia Han (206 AC-220 DC)
Exapansão do império
Aceitação do confucionismo como modelo de governo e sociedade

DC
Dinastia Han
Introdução do funcionalismo público
Comércio de seda com Roma
Queda da dinastia Han
Período de seis dinastias (220-589)
Decadência
Expansão e aceitação do Budismo

500
Dinastia T'ang (618-907)
Período áureo do Império
Consolidação do governo
Expansão comercial no Oceano Índico
Contato com os árabes

1000
Decadência do Império
Dinastia Sung (960-1127)
Criatividade e sabedoria, apesar das invasões bárbaras
Grande era da pintura
Consquista pelos invasores da ásia Central
Dinastia Yuan (mongol) (1278-1368)
A parte chinesa do Império Mongol estende-se do Pacífico até a Europa Central
Comércio com a Europa
Marco Polo serve Khan
Dinastia Ming (1368-1644)
Refortalecimento do controle chinês
Estabilidade burocrática
Imitação de culturas anteriores
Suspensão das explorações marítimas

1500
Dinastia Ming (1368-1644)
Restrição ao comércio com o Ocidente
Admissão de jesuítas, que aderem à cultura e costumes chineses

1700
Dinastia Ching (manchu) (1644-1912)
Manchus conquistam a China e tentam manter a identidade
Expansão dos limites do território
Auto-suficiência
São tolerados comerciantes europeus como parte do sistema tributário
Os jesuítas tornam-se consultores dos imperadores, enviando livros sobre a China à Europa
Os jesuítas são expulsos em consequência de controvérsias sobre rituais papais

1800
Decadência e queda da dinastia Ching
Fracasso na solução dos problemas de terra e população
A exploração econômica pelo Ocidente leva a uma balança comercial desfavorável
Guerra do Ópio (1842)
Revolta de Taiping (1851-1864)
Tratados injustos (1842-1864)
Guerra sino-japonesa (1985)
Fracasso das reformas

1900
Revolta do boxers (1900)
Guerra russo-japonesa (1904)
Revolução Chinesa (1911-1912)
Feudalismo
Primeira Guerra Mundial
Desenvolvimento do nacionalismo chinês
Movimento de 4 de maio (1910)
Kuomitang tenta unificar a China e expulsa os estrangieors com ajuda da União Soviética
Fundação do Partido Comunista Chinês (1921)
Grande Depressão
Guerra civil: Kuomitang contra os comunistas chineses
Guerra com o Japão
Trégua entre o Partido Comunista chinês e o Kuomitang
Segunda Guerra Mundial
Vitória da Revolução Comunista
Problemas de desenvolvimento
Divergência com a URSS
Bomba A
Bomba H
Revolução Cultural
Satélite artificial
Ingresso na ONU


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