'NOTÍCIAS POPULARES' COMPLETA HOJE 30 ANOS


Publicado na Folha de S.Pualo, sábado, 15 de outubro de 1994

Jornal adotou novo projeto em março de 1990, modernizou-se e tem sido objeto de polêmicas jurídicas

Da Reportagem Local


O jornal "Notícias Populares" completa hoje 30 anos consolidado como uma referência de ponta na imprensa popular do país. Desde março de 1990 o "NP" adotou uma reforma gráfica e editorial que o modernizou. O novo projeto, em apenas oito meses, fez a circulação crescer 55,8%.
Em sua história recente o "NP" tem sido centro de casos judiciais polêmicos. O jornal já venceu, no Tribunal de Justiça, promotores que pretendiam obrigá-lo a circular lacrado e, atualmente, aguarda decisão da mesma corte sobre uma disputa com Roberto Carlos, que conseguiu suspender uma série sobre sua vida.
O "NP" foi fundado em 1963 pelo empresário Herbert Levy. Redação e gráfica ficavam na rua do Gasômetro (no Brás, centro de São Paulo). Havia enormes as dificuldades técnicas. A impressora tinha sido fabricada em 1902. "Era um abacaxi que vivia quebrando à noite", conta Luiz Fernando Levy, filho de Herbert, em depoimento no livro "Do Jornalismo Político à Indústria Cultural". Em 1965, o "NP" passou para o controle do mesmo grupo que edita a Folha.
Primeira manchete
O primeiro editor-chefe foi Jean Mellé, romeno naturalizado brasileiro que trabalhava com jornalismo popular desde a juventude. Na Romênia, fundou o jornal popular "O Momento". A primeira manchete do "NP" foi "Greve nas Escolas Hoje: Professores Recusam Proposta". "Curioso notar como a primeira manchete se mantém atual", diz o editor-chefe do "NP", Alvaro Pereira Júnior.
Em setembro passado, o "NP" teve uma circulação média de 95.332 exemplares de segunda a sexta e 87.397 nos finais de semana. Os focos editoriais são economia popular, noticiário sindical e policial, colunas de saúde e orientação sexual, entre outros. Hoje, em edição especial, o "NP" traz entrevista exclusiva com o ministro da Previdência Social, Antônio Britto. A manchete é "Muda o Cálculo do Aposentado".
A explosão de vendas em bancas seguiram-se batalhas jurídicas. Em maio de 1991, três promotores da Infância e da Juventude promoveram uma ação para envelopar o "NP". Alegavam que a exposição do jornal seria danosa a crianças e adolescentes. Em agosto de 1991, o juiz Daniel Peçanha de Moraes Jr. determinou que o jornal fosse envelopado, independente do conteúdo.
O "NP" só não circulou com lacre porque o próprio juiz Daniel Peçanha suspendeu sua sentença até decisão de instância superior -no caso, o Tribunal de Justiça de São Paulo.
Em novembro do ano passado, a Câmara Especial do TJ alterou em parte a primeira sentença e determinou que a iniciativa de envelopar deveria ser dos próprios editores, não do Judiciário.
Roberto Carlos
Em janeiro passado, o cantor Roberto Carlos também reagiu ao noticiário do "NP". Conseguiu suspender, na Justiça, uma série de reportagens que o jornal vinha publicando sobre sua vida. A série teria oito capítulos. Parou no quarto. Roberto ofendeu-se porque alguns textos referiam-se a um acidente que amputou parte de sua perna esquerda.
O "NP" venceu uma primeira etapa judicial contra Roberto Carlos e agora aguarda decisão definitiva do Tribunal de Justiça.
Segundo o editor-chefe do jornal, a linha editorial colocou o "NP" em uma área jurídica ainda nebulosa, a desbravar, porque a Constituição garante o direito à privacidade mas é enfática na defesa da liberdade de imprensa.
A decisão contra o envelopamento, por exemplo, criou jurisprudência. A Câmara Especial que julgou o caso determinou a publicação da sentença na "Revista do Tribunal de Justiça".


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