Da Reportagem Local
O jornal "Notícias Populares" completa hoje 30
anos consolidado como uma referência de ponta na imprensa
popular do país. Desde março de 1990 o "NP"
adotou uma reforma gráfica e editorial que o modernizou.
O novo projeto, em apenas oito meses, fez a circulação
crescer 55,8%.
Em sua história recente o "NP" tem sido centro
de casos judiciais polêmicos. O jornal já venceu, no
Tribunal de Justiça, promotores que pretendiam obrigá-lo
a circular lacrado e, atualmente, aguarda decisão da mesma
corte sobre uma disputa com Roberto Carlos, que conseguiu suspender
uma série sobre sua vida.
O "NP" foi fundado em 1963 pelo empresário Herbert
Levy. Redação e gráfica ficavam na rua do Gasômetro
(no Brás, centro de São Paulo). Havia enormes as dificuldades
técnicas. A impressora tinha sido fabricada em 1902. "Era
um abacaxi que vivia quebrando à noite", conta Luiz
Fernando Levy, filho de Herbert, em depoimento no livro "Do
Jornalismo Político à Indústria Cultural".
Em 1965, o "NP" passou para o controle do mesmo grupo
que edita a Folha.
Primeira manchete
O primeiro editor-chefe foi Jean Mellé, romeno naturalizado
brasileiro que trabalhava com jornalismo popular desde a juventude.
Na Romênia, fundou o jornal popular "O Momento".
A primeira manchete do "NP" foi "Greve nas Escolas
Hoje: Professores Recusam Proposta". "Curioso notar como
a primeira manchete se mantém atual", diz o editor-chefe
do "NP", Alvaro Pereira Júnior.
Em setembro passado, o "NP" teve uma circulação
média de 95.332 exemplares de segunda a sexta e 87.397 nos
finais de semana. Os focos editoriais são economia popular,
noticiário sindical e policial, colunas de saúde e
orientação sexual, entre outros. Hoje, em edição
especial, o "NP" traz entrevista exclusiva com o ministro
da Previdência Social, Antônio Britto. A manchete é
"Muda o Cálculo do Aposentado".
A explosão de vendas em bancas seguiram-se batalhas jurídicas.
Em maio de 1991, três promotores da Infância e da Juventude
promoveram uma ação para envelopar o "NP".
Alegavam que a exposição do jornal seria danosa a
crianças e adolescentes. Em agosto de 1991, o juiz Daniel
Peçanha de Moraes Jr. determinou que o jornal fosse envelopado,
independente do conteúdo.
O "NP" só não circulou com lacre porque
o próprio juiz Daniel Peçanha suspendeu sua sentença
até decisão de instância superior -no caso,
o Tribunal de Justiça de São Paulo.
Em novembro do ano passado, a Câmara Especial do TJ alterou
em parte a primeira sentença e determinou que a iniciativa
de envelopar deveria ser dos próprios editores, não
do Judiciário.
Roberto Carlos
Em janeiro passado, o cantor Roberto Carlos também reagiu
ao noticiário do "NP". Conseguiu suspender, na
Justiça, uma série de reportagens que o jornal vinha
publicando sobre sua vida. A série teria oito capítulos.
Parou no quarto. Roberto ofendeu-se porque alguns textos referiam-se
a um acidente que amputou parte de sua perna esquerda.
O "NP" venceu uma primeira etapa judicial contra Roberto
Carlos e agora aguarda decisão definitiva do Tribunal de
Justiça.
Segundo o editor-chefe do jornal, a linha editorial colocou o "NP"
em uma área jurídica ainda nebulosa, a desbravar,
porque a Constituição garante o direito à privacidade
mas é enfática na defesa da liberdade de imprensa.
A decisão contra o envelopamento, por exemplo, criou jurisprudência.
A Câmara Especial que julgou o caso determinou a publicação
da sentença na "Revista do Tribunal de Justiça".
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