CONGRESSO APROVA AS DIRETAS
Volta
o pleito direto para presidente e prefeitos das capitais (nomeados
são inelegíveis); analfabetos vão votar
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Publicado
na Folha de S.Paulo, quinta-feira, 9 de maio de 1985
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Está restabelecido no País o princípio da eleição
direta para presidente da República (em dois turnos, com data
a ser fixada pela Constituinte). E as capitais estaduais, estâncias
hidrominerais e municípios antes considerados áreas
de segurança nacional poderão eleger seus prefeitos
pelo voto direto já em novembro deste ano. Por 458 votos a
favor na Câmara e 62 no Senado, e nenhum contra, essas mudanças
constitucionais foram aprovadas ontem à noite pelo Congresso.
Mas outros itens do "emendão" -que remove o chamado
"entulho autoritário" da Constituição-
não tiveram a mesma unanimidade: a concessão do voto
aos analfabetos foi aprovada com 32 votos contrários na Câmara
e dois no Senado, e a elegibilidade dos atuais prefeitos foi rejeitada.
Os governadores também perderam o direito de indicar substituto
se houver vacância nas prefeituras das capitais, estâncias
hidromineiras e antigas áreas de segurança. Neste caso,
assume o presidente da Câmara Municipal. Não compareceram
21 deputados e sete senadores.
A aprovação do pacote de reformas foi resultado de entendimento
das lideranças dos partidos políticos. Entre outras
medidas, o "emendão" permite a legalização
dos partidos comunistas; estabelece o fim da fidelidade partidária;
concede o direito de os moradores do Distrito Federal terem representação
no Congresso (oito deputados e três senadores), alterando o
número de cadeiras na Câmara e no Senado; facilita a
criação de novos partidos. autoriza os brasileiros menores
de 18 anos a requererem título de eleitor, desde que completem
a maioridade antes da eleição; altera os prazos de desincompatibilização
e de domicílio eleitoral.
Na parte da manhã, as discussões foram tumultuadas,
expondo as divergências entre lideranças e bancadas.
Parlamentares descontentes ameaçaram bloquear a votação.
O deputado Roberto Cardoso Alves (PMDB-SP) queria incluir uma proposta,
estabelecendo prazo de um ano para a desincompatibilização
dos ocupantes de cargos executivos que desejem se candidatar a postos
eletivos. E criticou a "ditadura dos líderes", que
estariam agindo "sob pressão dos governadores". A
emenda acabou incluída na ordem do dia.
Até 2h30 de hoje o Congresso não havia encerrado seus
trabalhos. Cardoso Alves insistia em que sua emenda fosse apreciada
antes do segundo turno de votação (considerado mera
formalidade) do "emendão". Havia, porém, divergências
a respeito.
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