LANÇADA "HISTÓRIA DA FOLHA"
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Publicado
na Folha de S. Paulo, terça-feira, 8 de dezembro de 1981
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Com a presença de intelectuais, políticos, estudantes
e jornalistas, foi lançado ontem à noite o livro "História
da Folha de S. Paulo (1921-1981)" escrito pelos professores
Carlos Guilherme Mota e Maria Helena Capelato. O objetivo dos autores
foi oferecer uma "indicação geral" da trajetória
deste jornal, segundo Mota.
Uma trajetória que, na opinião do senador Franco Montoro,
presente ao lançamento, é uma "reprodução
da história de São Paulo em todos os planos político,
cultural, econômico, esportivo".
Por sua vez, o publicitário Mauro Sales disse que a "história
de um jornal é tão importante como a da Nação
ou da cidade; a "Folha", pela importância que
possui, como um dos grandes jornais do País, tem uma história
que não pertence apenas ao jornal". O lançamento
foi realizado entre 18h30 e 20h30, no Centro de Artes Gráficas
da "Folha".
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A
história da "Folha" é lançada em livro |
"Resultado de um honesto trabalho de pesquisa e de uma tentativa
de análise imparcial", segundo opinião do jornalista
Mino Carta, o livro "História da Folha de S. Paulo
(1921-1981)", escrito pelos professores Carlos Guilherme Mota
e Maria Helena Capelato, foi lançado ontem, no Centro de Artes
Gráficas deste jornal, com a presença de jornalistas,
intelectuais, políticos e leitores da "Folha".
Ao escrever o livro (editado pela "Folha", com 416
páginas e mais um caderno fotográfico a ser vendido
a Cr$ 900), no espaço de pouco menos de um ano, conta o professor
Carlos Guilherme Mota - também colaborador do jornal - "pensamos
oferecer apenas uma indicação geral da trajetória
da "Folha", desde sua fundação até
os dias atuais", explicação reiterada pela co-autora
Maria Helena Capelato. Para quem a obra não teve outro objetivo
"além de traçar um perfil sério, realizar
um estudo exploratório sobre a vida do jornal, e não
simplesmente servir como um marco comemorativo de seu aniversário".
Entretanto, Otávio Frias Filho, secretário do Conselho
Editorial da "Folha", presente ao lançamento
do livro, considera que o trabalho dos autores poderia ter prescindido
do caráter historiográfico nitidamente acadêmico.
Problemas de abordagem, como definiu Paulo Francis num artigo publicado
no último domingo. Francis defende um ponto de vista contrário
ao dos autores: "Jornal, para ele (Mota), é um fator da
grande luta histórica e ideológica que se trava no Brasil.
Para mim, não é nada disso."
Para Otávio Frias Filho, o livro, apesar de correto, "negligencia
o discurso oral, em favor de outro, mais acadêmico. Eu, particularmente,
teria colocado uma epígrafe como 'se não é verdade,
é bem provável'". O jornalista Mino Carta escreveu
algo parecido em seu artigo do último domingo: "Nem sempre
a imparcialidade de Carlos Guilherme Mota e Maria Helena Capelato
logrou ser realmente imparcial".
Em todo o caso, para o grande público que compareceu ao lançamento
da obra, o trabalho dos autores merece elogios. E, diga-se, foi um
público bem heterogêneo. Desde prováveis leitores
da extinta "Folha da Noite"- que deu origem à "Folha
de S. Paulo" - até estudantes de Comunicação,
como Daniela Chiaretti. "É o único jornal onde
não percebo falhas. Não concordo com o Paulo Francis,
quando ele diz que o jornal é fraco em noticiário."
Marilena Chauí, também presente ao lançamento,
concorda com a futura jornalista. "Acredito que a notícia
bruta não tenha mais lugar na imprensa moderna. A própria
diagramação se encarrega de destacar a importância
da notícia, desfazendo o caráter de neutralidade que
caracterizava alguns jornais antigos." Para Francis, a noticia
objetiva simplesmente acabou, porque é invariavelmente filtrada
por poderes, seja do Estado ou da economia privada.
O articulista José Benedito de Azevedo Marques, que também
compareceu ao lançamento, afirmou que a "Folha"
é "um oásis de democracia". Marques, autor
de um livro onde citou o jornal como exemplo desse sistema ideológico,
declarou ser difícil encontrar um outro veículo "empenhado
em disseminar uma saudável discussão, a partir de opiniões
de pessoas envolvidas com as mais diversas ideologias".
O geólogo Eduardo Soares, que estuda História na Universidade
de São Paulo, acredita, porém, que a "Folha"
se destaque pelo nível de seus comentaristas. "Leio o
jornal há 10 anos e, particularmente, os artigos de Paulo Francis,
Santavana e Natali, além dos editoriais. É um jornal
equilibrado, bem distribuído em seu noticiário, além
de francamente liberal. Para mim basta".
Flávio Rangel, comentando o livro em sua coluna, disse que,
a princípio, achou-o "meio frio e analítico",
mas ficou encantado com o capítulo reservado aos documentos,
registros das fases críticas pelas quais passou a "Folha".
Desculpando-se antecipadamente, o autor Carlos Guilherme Mota disse,
durante o lançamento: "É apenas uma tentativa de
livro".
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Opiniões
sobre a importância histórica |
Entre
as personalidades presentes ao lançamento do livro com a história
da "Folha", foram ouvidos diversos políticos,
economistas, historiadores, cientistas sociais, um jurista, um ex-funcionário
do jornal, um publicitário e um arquiteto, incluindo muitos
colaboradores. Eles opinaram sobre a obra e a importância da
iniciativa.
Dalmo Dallari, jurista e colaborador da "Folha"
- "A "Folha" iniciou uma nova era na história
do jornalismo brasileiro. Uma das marcas dessa nova fase do jornalismo
é a abertura para o diálogo autêntico. É
interessante e muito positivo o equilíbrio conseguido entre
os objetivos empresariais e o oferecimento de espaço para discussões
sobre conservadorismo e renovação. A história
da "Folha" irá responder a uma série
de indagações, devendo fornecer alguma explicação
para o resultado obtido, que é a contribuição
à liberdade de pensamento no Brasil. É importante que
se saiba quem e como está conseguindo superar as barreiras
impostas por uma organização social onde o Poder econômico
é excessivamente conservador e intolerante quanto às
atitudes inovadoras. Os autores do livro sobre a "Folha"
são intelectuais de altos méritos e que além
de tudo são democratas, o que dá segurança à
imparcialidade do trabalho."
José Serra, economista e colaborador da "Folha"
- "O livro é importante como documento histórico
que ilumina um importante perfil da história brasileira nos
últimos sessenta anos. E importante também no sentido
de ter sido feito com total independência por seus autores.
Longe de ser um documento de publicidade, é um livro sério
realizado de forma independente. Seu valor também está
no conteúdo e na experiência e qualificação
de seus autores."
Mauro Sales, publicitário - "Acho que os jornais
são os maiores repositórios da história de uma
nação. Por isso, se descuidam de sua própria
história. A história de um jornal é tão
importante como a da nação ou da cidade. A "Folha",
pela importância que possui, como um dos grandes jornais do
País, tem uma história que não pertence apenas
ao jornal. E ótimo vê-la publicada em um livro como esse.
Não só importante para a imprensa como para a consciência
política. Gostaria que os outros jornais imitassem a iniciativa
da "Folha", com o "Jornal do Brasil", "O
Globo" e "O Estado de S. Paulo", só para citar
três exemplos.
Deusdá Magalhães Mota, historiador, pai do autor
- "É importante a publicação do livro contendo
a história da "Folha" porque registra um cotidiano
e tudo que acontece nele, do político ao social. E tudo que
se possa fazer pela história da imprensa é de um valor
histórico e social muito grande. Os fatos sociais e políticos
levantados por um historiador ainda ficarão pendentes para
os historiadores do futuro. A história não é
extática, sendo assim passível de revisão. Espero
que o trabalho sirva para seus objetivos imediatos e que seja útil.
Ricardo Otake, arquiteto - "A importância do livro
é que podemos refletir em cima do que o jornal faz como reflexão
da história. Os outros jornais deveriam seguir o exemplo da
"Folha".
Oswaldo Mariano, funcionário da "Folha" na década
de 30 - "Este livro possui muitas conotações.
Uma delas lembra a admirável e crescente vitalidade da "Folha",
quando lembramos tantos jornais que desapareceram. Essa curiosa sobrevivência
merece nossa reverência. E também o princípio
do levantamento de uma história importante, porque toda história
do país está na história dos jornais."
Senador Franco Montoro, do PMDB - "A história da "Folha"
é uma reprodução da história de São
Paulo em todos os planos - político, cultural, econômico,
esportivo. A "Folha" é hoje, e isso é
expressamente reconhecido em Brasília, um órgão
que constitui a mostra da abertura democrática, com respeito
à liberdade e pluralidade de opiniões. A forma como
a "Folha" vem recebendo, especialmente na página
três, colaborações de todos os setores do pensamento
brasileiro constitui prova de independência do jornal. Essa
posição representa notável contribuição
ao debate dos nossos problemas e ao encaminhamento da abertura democrática."
Flávio Bierrenbach, deputado estadual do PMDB - "Quando
a "Folha" fez 60 anos eu disse que, apesar da idade,
era o jornal mais jovem do País. E as iniciativas que se seguiram
neste ano, com a memória iconográfica e a edição
do livro de Carlos Guilherme Mota e Maria Helena Capelato, demonstram
o esforço que o jornal tem feito para buscar no passado e na
história a inspiração para o amanhã que
ajudará a construir."
Eduardo Suplicy, deputado estadual do PT e colaborador da "Folha"
- "A história da imprensa é extraordinariamente
importante na própria história do País, porque
ela reflete seus principais momentos de transformação
política e cultural em todos os tipos de atividades. Em particular,
a história da "Folha de S. Paulo" se confunde
com a história de São Paulo."
Francisco Amaral, do PP, prefeito de Campinas - "A história
da "Folha de S. Paulo" é um pouco a própria
história de São Paulo, por sua vibração,
atuação e comportamento, daí porque a nossa presença
aqui, em nome de Campinas."
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