OEA PEDE TROPAS BRASILEIRAS PARA A REPUBLICA DOMINICANA
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Publicado
na Folha de S.Paulo, sexta-feira, 7 de maio de 1965
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As 18 horas de ontem, o presidente Castelo Branco recebeu no Palacio
do Planalto, em Brasília, o texto da resolução
da Organização dos Estados Americanos que comunica a
constituição de uma força internacional, para
manter a paz na Republica Dominicana. A OEA pede, aos paises que tiverem
condições, que enviem a essa nação contingentes
de suas Forças Armadas.
Em consequencia, já hoje, às 17h30, no Palacio das Laranjeiras,
no Rio, o presidente reunir-se-á com o Alto Comando Militar,
para debater o assunto. O ministro Milton Campos, da Justiça,
já foi chamado para elaborar a mensagem que será enviada
ao Congresso (possivelmente na proxima segunda-feira) solicitando
autorização par o envio de tropas. No Alto Comando Militar,
a medida deverá ser aprovada por unanimidade - segundo crêem
os observadores.
No Congresso Nacional, a mensagem presidencial terá tramitação
com prioridade - "regime de urgencia" - sendo mesmo possivel
que, se aprovada, tropas possam seguir a partir do proximo dia 21.
O contingente brasileiro, que deverá ter carater de simples
força policial, mas com condições de entrar em
combate efetivo, provavelmente será formado por fuzileiros
navais.
A criação da forma militar interamericana foi decidida
na madrugada de ontem, na reunião consultiva ministerial da
OEA, por 14 votos contra 5 e uma abstenção. Seu objetivo
é colaborar "com espirito imparcial - e sob a autoridade
da organização regional - no restabelecimento da ordem
na Republica Dominicana".
Ontem, no centro da capital dominicana, os fuzileiros dos EUA entraram
em choque com as forças revolucionarias. O local do choque
foi a Praça de Independencia.
Entrementes, o Conselho de Segurança das Nações
Unidas adiava para hoje os debates sobre a crise. Antes do adiamento
da sessão, a ONU prosseguia na apreciação da
proposta da União Sovietica, que condena a intervenção
dos EUA na Republica Dominicada.
Por sua vez, o governo norte-americano divulgou a lista de elementos
comunistas que - segundo o Departamento de Estado - estão infiltrados
na revolução americana. Todavia, o presidente da Republica
Dominicana, coronel Francisco Caamano, afirmou a um jornal da Cidade
do Mexico: "Não somos comunistas. Qualquer ditadura é
cruel." Caamano condenou a ação norte-americana
em territorio dominicano e acrescentou ter confiança na ação
OEA, que, contudo, "tem de ser reformada". Informou ainda
que "800 a 1.000 pessoas já morreram na revolução".
As forças revolucionarias afirmam ter 47 mil homens, entre
militares e civis. Os EUA têm 30 mil, entre fuzileiros, pára-quedistas
e forças da Marinha e da Aeronautica.
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