O PLANO 2000 DEVE FIXAR SÓ OITO NUCLEARES
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Publicado
na Folha de S.Paulo, quarta-feira, 3 de março de 1982
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Apenas as oito centrais nucleares previstas no acordo firmado pelo
Brasil com a Alemanha serão construídas até o
ano 2000, prevalecendo a tese da Eletrobrás. A proposta da
Nuclebrás, de construir 14 unidades, está descartada,
embora possa ser considerada futuramente, dependendo da capacidade
de atendimento à demanda de energia através de hidrelétricas
e termelétricas.
Esta deverá ser a decisão do governo ao analisar o Plano
2000. Este documento, elaborado pela Eletrobrás, será
examinado hoje, em reunião do ministro das Minas e Energia,
César Cals, com o general Costa Cavalcanti e o presidente da
Nuclebrás, Paulo Nogueira Batista.
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Brasil
deve construir oito usinas até o ano 2000 |
Brasília - O Brasil deverá construir apenas as
oito centrais nucleares previstas no acordo nuclear assinado com a
Alemanha, prevalecendo então a tese da Eletrobrás no
plano de suprimento dos requisitos de energia elétrica para
o ano 2000 (Plano 2000). A proposta da Nuclebrás, de construir
14 unidades nucleares até o final do século, não
será descartada, mas só será considerada futuramente,
dependendo da evolução do parque industrial brasileiro
e da capacidade de atendimento à demanda através de
hidrelétricas e termelétricas a carvão.
Esta deverá ser a decisão do governo na análise
do Plano 2000, que vem provocando um atrito entre a Nuclebrás
e a Eletrobrás quanto ao número de usinas necessárias
até o ano 2000. O documento, elaborado pela Eletrobrás,
será examinado hoje durante reunião do ministro César
Cals com o general Costa Cavalcanti e com o presidente da Nuclebrás,
Paulo Nogueira Batista. Mas essa reunião não deverá
apresentar resultados conclusivos, pois, segundo uma fonte do setor,
decisões efetivas só poderão ser tomadas em relação
às obras a serem realizadas até 1985. "Se você
tem um plano nacional de desenvolvimento a nível de governo,
que vai até 1985, e um orçamento plurianual de investimentos
- que também vai até 1985 -, como é que poderão
ser tomadas decisões que vão até o ano 2000?
Em 1985 o novo governo mandará refazer todos os estudos, como
ocorreu com o Plano 90 e com o Plano 95."
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Seplan
apóia |
A questão do número de usinas que serão construídas
pela Nuclebrás, até o ano 2000, continua gerando divergências
com a Eletrobrás, embora a Secretaria de Planejamento tenha
se manifestado francamente a favor da proposta contida no Plano 2000,
isto é, a construção das oito centrais nucleares
previstas no acordo assinado com a Alemanha. Esse número foi
considerado ontem por assessores do ministro Delfim Neto como "o
mínimo, mas também o ótimo, não só
em termos de absorção de tecnologia - que permitirá
ao País ingressar, no próximo século, como um
fornecedor de um dos mais vitais segmentos da indústria de
ponta -, como também porque com esse número de usinas
será possível gerar custos a um nível considerado
perfeitamente administrável, onerando o balanço de pagamentos
mas sem riscos desastrosos".
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"Miopia" |
Na Seplan, os técnicos consideraram "miopia" querer
conduzir o debate nuclear para o aspecto de suprimento de energia
elétrica, pois, embora a energia de origem hídrica seja
mais barata, deve ser ressaltado que ela é esgotável.
"Como uma usina nuclear leva 10 anos para ser construída,
o que nós devemos fazer até o ano 2000? Cruzar os braços
à espera do esgotamento hidrelétrico, para só
então darmos início ao programa nuclear?". Os técnicos
ressaltam ainda a "oportunidade histórica", pois
o Brasil firmou com a RFA um acordo sem precedentes, através
do qual o País vai efetivamente absorver a tecnologia nuclear
alemã, uma das mais avançadas.
Os técnicos consideram o esforço de obtenção
de tecnologia como o correto, destacando que isso não ocorreu
em relação à indústria automobilística,
para a qual "abrimos as portas para que os detentores da tecnologia
do automóvel aqui viessem fabricá-los, sem que tivéssemos
absorvido essa tecnologia". Na opinião dos mesmos técnicos,
depois da construção das oito usinas nucleares, o Brasil
estará apto para caminhar sozinho nesse setor, com tecnologia
e equipamentos inteiramente nacionais.
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