MAIS BOMBAS NO CARRO
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Publicado
na Folha de S.Paulo, sábado, 2 de maio de 1981
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Mais duas bombas encontravam-se no interior do "Puma" onde
um terceiro explosivo detonou no noite de anteontem, no Rio, matando
o sargento Guilherme Pereira do Rosário e ferindo gravemente
Wilson Machado, ambos do Exército.
As duas bombas que não explodiram foram mostradas ontem, no
interior do carro, pelos teipes da Rede Globo de Televisão.
No entanto, o comandante do 1.º Exército, general Gentil
Marcondes Filho, disse que não conseguiu confirmar a existência
dessas bombas não-detonadas e classificou a explosão
da terceira como "um atentado, intencional ou não",
provocado por "grupos que querem conturbar o andamento do desenvolvimento
democrático do País". Ele admitiu que o capitão
e o sargento estavam a serviço do setor de Informações
do 1.º Exército, no momento em que se realizava, no Riocentro,
bairro da Tijuca, um "show" de música por motivo
do 1.º de Maio. E reconheceu que a bomba explodiu dentro do "Puma".
(Momentos depois dessa explosão, outra bomba detonou na casa
de força do Riocentro, sem maiores consequências.)
O general garantiu ser "óbvio" que seus subordinados
foram "vítimas de atentado, até que se prove o
contrário". Repudiou a possibilidade de envolvimento de
membros do Exército nas explosões, mas disse que todas
as hipóteses serão investigadas, inclusive a de acidente.
O sargento Rosário foi enterrado no cemitério do Irajá
com honras militares e seu caixão foi carregado, entre outros
oficiais, pelo general Gentil Marcondes. Sueli, a mulher do sargento,
confirmou que ele servia no Doi-Codi, como motociclista. Tanto no
Instituto Médico Legal como no cemitério, não
lhe permitiram ver o corpo do marido.
O capitão Wilson Machado continua em estado grave, internado
no hospital Miguel Couto, mas - segundo os médicos - já
não corre perigo de vida.
Policiais do Departamento Geral de Investigações Especiais
concluíram ontem que a explosão dentro do "Puma"
foi obra de terroristas, divididos em vários grupos. Essa conclusão
baseia-se no depoimento de uma testemunha, cuja identidade não
revelaram, que afirmou ter presenciado a fuga de três automóveis,
em alta velocidade, logo após a denotação da
bomba.
Nota conjunta divulgada pela OAB e ABI, com apoio de representantes
de todos os partidos políticos e outras entidades, pede que
se "apure, efetivamente, as responsabilidades de todos os envolvidos"
na explosão das bombas.
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