Na véspera da mais importante eleição dos últimos
20 anos, este jornal sente-se na obrigação de formular,
em primeira página, os cumprimentos de que o presidente da
República se fez merecedor. Amanhã, quando 58,5 milhões
de brasileiros estiverem comparecendo às urnas para o exercício
normal de um direito finalmente devolvido, o sr. João Batista
Figueiredo estará resgatando uma parte significativa de seu
juramento.
Sabemos que a democracia não será obtida da vontade
de uma pessoa ou da decisão de um governo. Ela constitui
tarefa extremamente árdua, que reclama tempo, bem como coragem
e o empenho paciente do conjunto de todos os grupos sociais, de
todas as forças políticas, para tornar-se realidade.
Mas não resta dúvida de que, nesta delicada fase de
transição, retorcida por avanços e recuos,
pontilhada de lances dramáticos que têm como pano de
fundo a mais aguda crise que a economia mundial já atravessou
nos tempos modernos, a construção democrática
tem contado com uma sustentação da qual não
poderia prescindir - e sem a qual dificilmente teríamos chegado
aonde nos encontramos hoje: a sustentação do presidente
Figueiredo.
Parabéns, Presidente. Com determinação e habilidade
o seu governo vem obtendo sucesso na missão de levar adiante
o projeto político que credencia seu antecessor, o presidente
Geisel, perante o julgamento da História.
As eleições de amanhã abrem novas perspectivas
para a vida nacional. Com realismo, sem menosprezar as dificuldades
que temos pela frente e, sobretudo, sem nos iludir-mos com respeito
à gravidade da situação econômica e social
do País, temos todos o direito de confiar que os resultados
do pleito propiciarão transformações importantes.
Empossados os vitoriosos na disputa pelo voto popular, estarão
estabelecidas as bases para um novo período da abertura política,
a desenvolver-se sob a égide da negociação.
Será preciso que nos reeduquemos na democracia, na prática
de compreender a vitória e a derrota política como
fatos corriqueiros. Reaprender que a negociação não
significa capitulação nem rompimento de compromissos,
desde que as partes preservem suas respectivas identidades. Reaprender
que a disposição para negociar traduz tão-somente
o saudável reconhecimento de que nenhum líder ou facção
é capaz de solucionar unilateralmente os problemas de uma
sociedade complexa como a nossa.
Parabéns, Presidente. A eleição de amanhã
reaviva no coração dos brasileiros o sonho de uma
Nação politicamente moderna, civilizada e democrática.
Gerações lutaram, morreram ou desesperaram por isso.
Temos nós o alto privilégio de avançar mais
um passo real em direção a este sonho; de senti-lo
perto de nós, mais próximo que nunca.
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