HISTÓRIA DOS BAIRROS PAULISTANOS - PARI


Por Danilo Janúncio Alves
do Banco de Dados

Pari era bairro de pescadores

Cravado entre os rios Tamanduateí e Tietê, formou-se em fins do século 16 o pequeno povoado de Pari. Constituído essencialmente por pescadores, seus habitantes eram formados por índios, portugueses e mamelucos. Situado em uma região de alagamentos, Pari foi uma parte importante para a sobrevivência e o crescimento da cidade durante seus primeiros séculos, enquanto a alimentação do moradores era resultado da pesca.
No início, para apanhar os peixes, os colonizadores europeus costumavam envenenar a água com timbós ou tinguis, plantas usadas pelos índios. Porém, o veneno causava danos ao rio e, em 1591, o governo local proibia a técnica, com pena de quintos réis, no Tamanduateí.
Com a proibição, os pescadores passaram a colocar em certos pontos do rio uma armadilha chamada "pari", daí nasceu o nome do bairro, e que consistia em uma cerca de taquara ou de cipó estendida de margem a margem do rio.
Em registro oficial feito em 1765, um recenseamento mostrava que em Pari havia 14 casas onde moravam 72 pessoas. O lugarejo era formando por pessoas pobres e que viviam da pesca.
Por muito tempo, a venda do pescado acontecia nas calçadas da igreja do Carmo, que era uma espécie de mercado de peixe da cidade. Ali, vestidas com saias curtas, descalças, com xale pequeno ou baeta azul, as vendedoras eram quase sempre do Pari. As vendas no local duraram até a inauguração do Mercado Municipal, em 1867, na rua da 25 de Março.
A partir de 1870, com a chegada da ferrovia à cidade, nascem diversos bairros operários ao longo da linha, entre eles o de Pari. Para facilitar ao comércio e à indústria local, que se instalou ali por volta de 1885 e 1890, chegou a ser criado uma alfândega, entre o Brás e Pari, e que era uma espécie de extensão da alfândega de Santos.
Devido ao movimento de trens, foi implantado no bairro um dos maiores pátios ferroviários da cidade. O Pátio do Pari data de 1891 e servia como estacionamento de vagões, depósito de mercadorias e ponto de carga e descarga, ligado à São Paulo Railway.
Em 1908, para tentar acabar com os constantes transbordamentos nos arredores do Tamanduateí, a Prefeitura mandou solevar uma grande extensão da várzea do rio. Foram cobertos com dois metros de terra as planícies do Brás, passando por Pari, até a Mooca.

Paróquia

A paróquia Santo Antônio do Pari foi fundada no dia 2 de fevereiro de 1914, por dom Duarte Leopoldo e Silva, e seu primeiro pároco foi o português Frei José Rolim.
Proprietário de terrenos no bairro, Arthut Vautier, vendo o esforço e o trabalho de Rolim, doou um terreno para a construção de uma igreja. A matriz de Santo Antônio do Pari começou a ser construída em agosto de 1922 e foi entregue à população em 13 de junho de 1924.
Na mesma época da fundação da igreja, o bairro tornou-se confluência de imigrantes italianos que, nos fins de semana, ocupavam a praça Padre Bento, também conhecida como largo do Pari, para cantar e dançar a "tarantela".
Nas décadas passadas, devido à alta concentração do comércio e de fábricas de doce na região, o Pari ficou conhecido como o bairro doce de São Paulo. Atualmente o bairro reúne a maior concentração de bolivianos da cidade que, aos domingos, montam suas barracas na praça Padre Bento para dividir a própria cultura através da música folclórica e de sua comida picante.
Uma data especial que todo ano lota a praça é o dia 13 de junho, dia de santo Antônio. Durante todo o dia milhares de fiéis vão à paróquia Santo Antônio do Pari para comemorar o dia do santo casamenteiro.
Lá são distribuídos milhares de pãezinhos e também é vendido bolo bento. Moças católicas e solteiras acreditam que, ao comer uma fatia do bolo, podem arrumar um amor. Quanto ao pão, se colocado dentro de uma lata de açúcar ou arroz, diz-se que pode trazer fartura para o ano todo.


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