HISTÓRIA DOS BAIRROS PAULISTANOS - LIBERDADE


Por André Ghedine
do Banco de Dados

Antes de se tornar o principal reduto da comunidade oriental na cidade, o bairro paulistano da Liberdade era chamado de Distrito Sul da Sé, pois era parte do Distrito da Sé, que fora estruturado em dois distritos, o do Sul e o do Norte, por ato da Câmara Municipal de 14 de março de 1833. O Sul da Sé teve suas divisas demarcadas em 1863 e alteradas em 1872. Por fim, em 20 de dezembro de 1905, uma lei criou o Distrito da Liberdade.

Em suas origens, no século 17, a Liberdade compreendia terras situadas ao longo do caminho que ligava o centro da cidade à Zona Sul, ao município de Santo Amaro. Esse caminho, conhecido como "caminho de Ibirapuera" ou "caminho de carro para Santo Amaro", saia do centro em direção ao sul pelo traçado atual da avenida Liberdade e da rua Vergueiro. Há registros de que esse caminho também tenha sido conhecido como "estrada nova para Santos". Nessa região, havia muitas chácaras, algumas de grande extensão territorial, onde era cultivado especialmente chá. Da divisão dessas chácaras nasceu o bairro da Liberdade.

O bairro abrigou, no século 19, o largo do Pelourinho, onde eram amarrados escravos fugitivos. Alí também ficava localizado o Largo da Forca, que recebeu essa denominação por ser local de execuções, entre as quais ficaram conhecidas as dos soldados Fransciso José das Chagas, o Chaguinhas, e Joaquim José Cotindiba, ocorridas em 1821. O enforcamento dos dois soldados, condenados por reclamar do soldo pago pela Coroa portuguessa, marcou a cidade de tal modo que foi erguida no local a capela de Santa Cruz dos Enforcados, hoje Igreja de Santa Cruz dos Enforcados. Com a abolição da pena de morte do Brasil, o Largo da Forca passou a chamar-se Largo da Liberdade.

No século 19, o centro de São Paulo foi ligado a Santo Amaro pelas linhas de bonde, cujos trilhos foram construídos no traçado do "caminho de carro". Uma parte desse caminho viria a ser a rua Domingos de Moraes. Na virada do século 19 para o século 20, a Liberdade começa a sofrer um forte processo de urbanização com alargamento de ruas, desapropriações de terras e imóveis, construções de praças e largos e calçamento de ruas com paralelepípedos.

Nessa época, a Liberdade era um bairro residencial habitado por imigrantes portugueses e italianos que, com o passar dos anos, deixariam ao bairro em direção a outras partes da cidade. Os traços orientais de prédios e residências só começaram a aparecer após a chegada dos primeiros imigrantes japoneses ao Brasil, em 1908, e ganharam impulso na década de 60. O bairro conheceu então as lanternas suzurano, os jardins japoneses e as festas típicas japonesas.

A influência oriental cresceu tanto que, em 1969, foi anunciado um plano de reurbanização do bairro dentro do processo de expansão da Linha 1-Azul do Metrô. Em 1974, aconteceu a criação do "Bairro Oriental", com ruas e praças do bairro inteiramente decoradas com motivos orientais, adquirindo características de uma autêntica cidade japonesa. Por fim, em fevereiro de 1975, foram inauguradas as estações Liberdade e São Joaquim do Metrô.

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