Por
Adriana Resende
do
Banco
de Dados
Campos Elíseos
NPrimeiro
bairro projetado de São Paulo, Campos Elíseos surgiu
com a inauguração da São Paulo Railway, nos
anos de 1870, e o serviço de abastecimento domiciliar de
água da Cia. Cantareira, em 1882. Nessa época, os
fazendeiros de café ocuparam os terrenos que antes eram
conhecidos como Campo Redondo e, posteriormente, Chácara
Mauá, por ser propriedade do visconde de Mauá.
Em 1868, passa a se chamar Chácara do Charpe e em 28 de
janeiro, Largo dos Guaianases.
Na sede do Campo Redondo havia um prédio de dois pavimentos
que, em 1873, passou a servir de residência ao 8º bispo
de São Paulo, d. Lino Deodato Rodrigues de Carvalho e,
a seguir, sede do colégio Ipiranga. A chácara foi
vendida para o arquiteto alemão Frederico Glette.
Os arquitetos Frederico Glette e Victor Nothmann entregaram a
execução do projeto de loteamento da chácara
ao engenheiro Hermann von Puttkamer.
Aprovado, começaram a construir casas inspiradas na arquitetura
francesa do século 16. Talvez daí venha a inspiração
do nome, já que Paris tem a famosa avenida Champs Elysées,
onde fica o Arco do Triunfo. Foram abertas, entre 1882 e 1890,
as ruas dos Protestantes, Triunfo, Andradas, Gusmões, Piracicaba,
Glette, Nothmann, General Osório, Duque de Caxias, entre
outras.
A casa da família de Elias Antonio Pacheco Chaves, conhecida
como "Palacete Elias Chaves", foi inspirada no Castelo
de Écouen, na França. A construção
foi iniciada em 1892 pelo arquiteto alemão Matheus Häussler
e sob orientação do hamburguês João
Grundt, mas só foi concluída em 1899, já
sob a orientação do arquiteto Cláudio Rossi.
Com a morte de Elias Chaves, o edifício foi vendido e,
em 1907, foi destinado a abrigar a moradia dos presidentes da
Província de São Paulo, porém seu primeiro
morador foi o conselheiro Rodrigues Alves, em 1912. Nessa mesma
época passou a se chamar Palácio dos Campos Elíseos.
Há uma escola hoje, onde em 1885 os padres salesianos da
Confraria de
S. Vicente de Paula, ergueram o Santuário do Sagrado Coração
de Jesus. A construção, em estilo renascentista,
ocupava uma área de 17 mil metros quadrados.
D. Veridiana Valéria da Silva Prado, dona da Chácara
Veridiana Prado _que compreendia o espaço entre as avenidas
Angélica e Higienópolis e as ruas Jaguaribe e dona
Veridiana, em Santa Cecília, ofereceu à igreja o
altar-mor, de mármore italiano, e o Cristo Redentor, colocado
no alto da torre. A chácara de dona Veridiana era parte
da chácara de Martinico Prado, cuja sede ficava próxima
à Igreja da Consolação.
A deterioração do bairro começou a partir
das décadas de 1950 e 1960. A instalação
da Estação Rodoviária, em 1961, contribuiu
para a "decadência", já que as construções
residenciais nobres deram lugar à criação
de um comércio local constituído de lojas de todos
os tipos, camelôs, pequenos hotéis, lanchonetes e
intenso movimento de uma
população crescente vinda de outras regiões
do país.
Durante o período do Regime Militar, o Dops (Departamento
de Ordem Política e Social) funcionava nas redondezas do
bairro.
Em 1972, após alguns reparos necessários, o Palácio
Campos Elíseos passou a abrigar a Secretária da
Cultura, Esporte e Lazer do Estado. Cinco anos depois, em 1977,
o edifício foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa
do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico
e Turístico).
Em 1979, o palacete recebeu a Secretaria de Ciência, Tecnologia,
Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado, que ainda
funciona no local.
Em 2003, o governo do Estado começou um projeto de restauração
do palácio Campos Elíseos. Orçado em R$ 8
milhões, o projeto foi financiado pela Lei Rouanet, que
inclui abatimento de impostos para os patrocinadores.
Concluído o restauro, o espaço poderá virar
museu da história política paulista. O prédio
já hospedou Dwight Eisenhower (1890-1969), presidente dos
EUA entre 1953 e 1961, e o papa Pio 12 (1876-1958), na época
cardeal Eugênio Pacelli.
Mesmo tendo passado por incêndio e revoluções,
o prédio ainda mantém as características
originais. Segundo o professor Nestor Goulart Reis Filho, da Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo
(FAU-USP), o fato de o palacete ter servido de residência
a governadores ajudou na conservação.
"Em compensação, a permanência do governo
no local levou à substituição dos gradis
que circulavam o palácio por muros altos, que dão
um aspecto de presídio à construção,
além de ocultar da população a beleza desse
edifício", afirma Reis Filho, autor da pesquisa histórica
que serviu de base ao projeto de restauro.